Este artigo investiga a atuação do psicólogo, pautada na teoria psicanalítica, no atendimento de crianças vítimas de violência que acessam o SUAS. Nesse sentido, busca identificar as diretrizes legais que regulamentam a atuação do psicólogo no SUAS e nas situações de violência infantil; investigar quais intervenções são utilizadas e como elas impactam o sujeito; e analisar os principais desafios enfrentados pelos psicólogos nesse contexto. A pesquisa adotou a metodologia qualitativa exploratória, utilizando entrevistas semiestruturadas com perguntas abertas para coletar dados. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) emerge como a principal legislação orientadora do trabalho no SUAS com crianças vítimas de violência. A atuação do psicólogo é psicossocial, assim desenvolve ações psicossocioeducativas tanto individualmente quanto em grupos, considerando fenômenos sociais e a subjetividade dos sujeitos. No trabalho com as crianças, o lúdico é utilizado para facilitar a associação livre, método da psicanálise que permite que os conteúdos do inconsciente emerjam no discurso e possam ser elaborados. Dessa forma, as crianças podem vir a romper com o ciclo de violência e encontrar novas possibilidades de existir no mundo. Os desafios descritos pelos entrevistados incluem a dificuldade em ouvir as narrativas das crianças sem que isso afete negativamente a eficácia do trabalho; a precariedade dos recursos para o trabalho; as complexidades do trabalho interdisciplinar e a construção do fazer psicanalítico no âmbito da assistência social. Destaca-se a importância de conduzir mais pesquisas para difundir o conhecimento sobre essa prática e aprimorar as abordagens utilizadas.