Sífilis Adquirida no Brasil: Análise retrospectiva de uma década (2010 a 2020)

Abstract

Este estudo teve o propósito de realizar uma avaliação crítica dos dados disponíveis sobre sífilis adquirida no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2010 a 2020. Verificou-se que até o ano de 2018, houve um aumento anual do registro de casos de sífilis, com queda no número de casos em 2019 e 2020. Em 2020, houve redução equivalente a 1/3 do total de registros em relação ao ano anterior, provavelmente devido subnotificação decorrente da pandemia da Covid-19. O ano de 2018 foi o que apresentou maior número de casos notificados e a maior taxa de detecção (76,2 casos por 100 mil habitantes), sendo que a taxa de detecção nesse ano na região Sudeste (82,5) superou a nacional. O sexo masculino foi mais acometido que o feminino, pelo comportamento de risco dos homens, contudo, com aumento crescente da infecção também nas mulheres, em decorrência da estabilidade do relacionamento, sem utilização do preservativo. Regiões mais desenvolvidas e populosas apresentaram mais notificações de casos. Apesar de a sífilis ser facilmente tratável, com administração de penicilina, ela ainda permanece um problema de saúde pública brasileira, sendo necessária mais atenção por parte das autoridades sanitárias, com maior investimento em campanhas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. Essas, por sua vez, podem ser facilmente prevenidas com o uso de preservativos, que são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Além disso, é importante difundir as complicações que a sífilis pode provocar quando não tratada, acarretando sua evolução, como recurso de alerta para a população.

Prevalência de sífilis em um Centro de Referência do Oeste do Paraná

“…Ela, juntamente com outras infecções sexualmente transmissíveis, continua a representar desafios e obstáculos significativos à saúde pública. Se estas doenças não forem tratadas, apresentam consequências e efeitos significativos, incluindo implicações para a saúde reprodutiva, bem como aumento do risco de transmissão do HIV e manifestações clínicas mais agressivas (Menezes et al, 2021).…”

“…É fundamental ressaltar que a região Sudeste é a mais populosa e desenvolvida do Brasil e abriga uma concentração significativa de profissionais de saúde, o que facilita a notificação, ao contrário da região Norte, que apresentou o menor número de casos (Brasil, 2021). Isso pode ser explicado devido a essa região ser menos populosa e, consequentemente, concentra um número significativamente menor de profissionais, levando à subnotificação (Menezes et al, 2021).…”

Incidência da sífilis adquirida no município de Cacoal-Rondônia

“…No município de Cacoal observou-se que o total de casos de sífilis adquirida nos anos de 2017 a 2021 foi de 512 casos e que a partir do ano 2020 houve um aumento significativo dos casos de sífilis adquirida no local de estudo. De acordo com o estudo realizado por Menezes et al (2021) no Brasil, evidenciou-se um declínio de casos de sífilis adquirida em 2020, isso comparado com o ano 2019. Uma justificativa relatada pelo autor foi uma possível subnotificação ocorrida no período pandêmico, ou seja, as estatísticas utilizadas podem não possuir os dados fidedignos do total de casos no Brasil e podendo em 2020 ser maior a notificação do que o que se pode comprovar.…”

Perfil epidemiológico e espacial da sífilis adquirida: um estudo seccional a partir de uma série histórica

“…Estudos populacionais revelam que esta faixa etária predominante identificada pelo presente estudo apresenta maior frequência de comportamentos sexuais de risco, maior número de parceiros sexuais e baixo uso de preservativos e pouco conhecimento sobre IST (Souza, et al, 2018;Pinto et al, 2018). Outro estudo acrescenta que a maior idade é associada a menor número de parceiros sexuais, portanto menor risco de se adquirir a sífilis (Menezes et al, 2020). Outro aspecto, trata-se do grande alcance dos jovens às redes sociais e aplicativos de relacionamento que, por serem uma forma prática, rápida e eficiente de encontrar parcerias sexuais, contribui para aumentar a exposição dos seus usuários a situações de risco (Queiroz, et al, 2019).…”

“…Destaca-se ainda uma redução expressiva na taxa de detecção nos anos 2019 e 2020, redução de 31,4% em 2019 e 23,7% em 2020. Menezes, et al (2021) sugeriram que a diminuição da incidência de sífilis adquirida nesses anos ocorreu devido ao sucesso de campanhas de conscientização e de testagem, porém, eles não consideraram a pandemia da COVID-19 em suas análises. As campanhas de testagem e de conscientização diminuíram naquele ano, portanto, não poderiam ter contribuído com essa redução na incidência dessa doença em 2020 (CONASS, 2020;Lima, et al, 2022).…”