Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Resumo: Escrita de si e do outro, a narrativa epistolar é uma forma de dar-se a ver ao seu destinatário e um espaço de construção do interlocutor. Como observatório das sociabilidades, o pulular de nomes próprios e de instituições permite ao seu investigador estabelecer conexões, reconstituir redes de pertencimento e observar o funcionamento de microcosmos sociais. Este artigo se atém ao cotidiano de um historiador brasileiro em formação profissional. Do meio historiográfico parisiense, entre 1974-1976, Carlos Roberto Antunes dos Santos, durante o seu processo de doutoramento, correspondeu--se com Cecília Westphalen, sua colega docente na Universidade Federal do Paraná e orientadora de mestrado na mesma instituição. Com a narrativa epistolar, do ponto de vista do remetente, refletimos sobre o processo cognitivo de aprendizagem e produção, sobre a arquitetura das relações acadêmicas e sobre as estratégias sociais de circulação do conhecimento. Desejamos, assim, aproximar-nos de um modo de "tornar-se historiador" e sugerir um modo de "ser orientadora" em meados da década de 1970.Palavras-chave: historiografia brasileira, historiografia francesa, narrativa epistolar, ofício do historiador, pós-graduação.Abstract: Writing on the self and the other, the epistolary narrative is a way of being seen by its addressee and a construction place of the interlocutor. As an observatory of sociability, the swarming of names of persons and institutions allows the analyst to establish connections, reconstitute structures of belonging and observe the functioning of social microcosms. This paper engages focuses on the daily life of a Brazilian historian in training. From the historiographical environment of Paris between 1974 and 1976, Carlos Roberto Antunes dos Santos, during his doctoral program, exchanged letters with Cecília Westphalen, his colleague at the Federal University of Paraná and Master's Degree supervisor at the same institution. With the epistolary narrative, from the point of view of the sender, we reflect on the cognitive process of learning and production, on the architecture of academic relations and on the social strategies of knowledge circulation. Thus, we wish to approach a way of "becoming a historian" and "being a supervisor" in the mid-1970s.