Neste artigo abordamos a história do carnaval de Porto Alegre, do início do século XX - representado pelas sociedades carnavalescas Esmeralda e Venezianos - através da ótica dos estudos de gênero. As mulheres, de Evas pecadoras, passaram a figurar como Marias, recatadas e redentoras, e são alçadas ao símbolo de regeneração moral do carnaval. As rainhas das agremiações são alegorias dessa transformação. Nosso objetivo é discutir as representações de mulher elaboradas pelo discurso carnavalesco, centrados na figura da rainha da sociedade carnavalesca, ao analisar os versos proferidos pelas referidas agremiações, publicados na imprensa da época. A Análise de Discurso foi utilizada como ferramenta para a busca de sentido das mensagens sociais contidas nos versos. Com esse estudo pretendemos mostrar que abordar a História por meio das relações de gênero nos permite fortalecer as resistências à supremacia dos discursos de poder dos sistemas de representação androcêntricos, ao evidenciar as representações sobre as mulheres que legitimaram a hierarquização dos gêneros ao longo do tempo.