Estudos sobre gênero e diversidade sexual em organizações sindicais do campo educacional ainda são incipientes, e os que existem se voltam especialmente à participação sindical das mulheres, sem discutir as concepções das organizações sindicais. Algumas análises atribuem motivos para tais lacunas: sendo os sindicatos instituições “públicas”, existem para a atuação masculina; ou estão centrados em lutas consideradas de caráter universal, portanto, as ações ligadas a políticas de gênero seriam secundárias e até mesmo prejudiciais. Contudo, nas últimas duas décadas, as discussões têm avançado, sendo possível encontrar políticas sindicais mais atentas às questões de gênero e sexualidade, paulatinamente incorporando que diferenças em relação a gênero e orientação sexual são componentes de processos de distribuição de poder e desigualdade social. Buscando colaborar com a compreensão desse tema, o artigo tem por objetivo examinar atribuições e competências das secretarias voltadas a gênero e diversidade sexual em 25 sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE/Brasil), identificando se suas/seus dirigentes são do sexo feminino ou do sexo masculino. Os dados foram coletados por consulta aos estatutos das organizações e nominatas de suas diretorias, obtidos nas páginas web, por e-mail ou contato telefônico. Em suma, foi verificada a presença absolutamente majoritária de mulheres nas coordenações das secretarias, que têm atribuições, competências e nomenclaturas muito variadas, bem como um número muito pequeno de menções a questões relativas à diversidade sexual. Isso parece indicar, por um lado, uma representação ainda existente sobre supostas competências de homens e de mulheres, delegando a essas últimas cargos considerados de menor prestígio político. Por outro lado, denota um estágio ainda inicial dos debates a respeito, pois parece haver uma aceitação maior da institucionalização das questões relativas a gênero/mulher quando comparada com o debate sobre diversidade sexual, indicando nova clivagem e invisibilidade e/ou desconsideração das diferenças em termos de orientação sexual e identidade de gênero.
The trajectory of gender studies in Brazil is pervaded by struggles aimed at reaching visibility in order to legitimize gender studies in the scientific field. Several female authors affirm that this process was carried out through research groups at several institutions, particularly since the 1970's. Based on this idea, the present work aims to examine how gender studies have been included in the sphere of the National Association of Post-Graduation and Research in Education (ANPEd) by using findings of a state of the art on the subject. The work pursues to answer two questions. The first refers to the status of the process of constitution of the gender studies field in the ANPEd, with focus on the period from 2000 to 2011: are there signs of legitimation? The second question concerns the forces sustaining this field: are there research groups with a frequent, prominent work in the sphere of the ANPEd so as to ensure its development and multiplication of studies? In order to problematize this question, the analyzed period covers from 2007 to 2011. Results indicate a process of expansion of visibility -although we still cannot talk about total legitimation -, ensured by struggles carried out particularly by research groups that are members of the GT23 (Gender, Sexuality and Education).
O artigo parte da insuficiência de estudos sobre gênero em sindicatos de educação no Brasil. Observamos que os poucos trabalhos existentes dedicam-se a discutir a participação sindical das mulheres, sem ingressar mais diretamente na posição dos próprios sindicatos. Sabendo que diferenças de gênero e de diversidade sexual são componentes de processos de distribuição de poder e desigualdade social, tivemos por objetivo verificar a proporcionalidade entre homens e mulheres ocupantes de cargos diretivos em sindicatos filiados à CNTE. Para tanto, realizamos levantamentos nos sites da CNTE e de seus sindicatos. Quanto à divisão de poder por sexo, constatamos que, tal como ocorre em outros espaços institucionais como no Legislativo e no Executivo brasileiros, a presença masculina ainda é maior.
A entrevista com a sindicalista aborda, primeiramente, aspectos de sua trajetória educacional, profissional e militante, de forma a compreender o que a conduziu ao ativismo sindical e ao feminismo. Em seguida, apresenta relato sobre as elaborações sindicais - especialmente da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Internacional da Educação (IE) – referentes a questões de gênero e de diversidade sexual, finalizando com análise dos enfrentamentos que vêm ocorrendo em torno da elaboração de políticas públicas a respeito desses temas.
Objetivamos reconstituir o processo de fundação do 24º Núcleo do CPERS/SINDICATO, balizando-nos em dois eixos: as transformações nas identidades docentes expressas quando da filiação a um sindicato de classe; o impacto da ação de alguns indivíduos com específica trajetória de militância. Utilizamos uma estratégia qualitativa de investigação (análise documental e entrevistas semi-estruturadas com membros da Comissão Pró-Núcleo). Destaca-se a organização do professorado pelotense num período de lutas contra a ditadura militar, sob a direção de docentes com participação ativa na greve estadual de 1979. A posse da primeira diretoria (31/10/1980) consolidou uma perspectiva identitária da categoria com características mais proletarizadas.
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