O objetivo deste manuscrito foi relatar as ações comunitárias de um grupo de moradores, pesquisadores e profissionais da saúde contra os impactos do ruído de lazer (paredões de sons automotivos) no centro histórico de Porto Nacional-TO, Brasil. Nesta localidade foi implementada, como medida compensatória, uma orla de lazer após o enchimento do lago da Usina Luis Eduardo Magalhães em 2001. O trabalho relata o contexto do surgimento desse fenômeno e a emergência das tensões sociais entre os residentes, comerciantes, gestores públicos e transeuntes que gravitam em torno da exposição ao ruído. A partir das ações de mobilização na comunidade, foi desenvolvida uma revisão junto as publicações do Escritório Europeu da Organização Mundial da Saúde que evidenciaram o ruído de lazer como um problema de saúde pública e uma das formas de poluição que mais afeta as pessoas. Dentre os impactos, destacam-se os efeitos biológicos, qualidade do sono, bem-estar e condições médicas. Apesar das evidências encontradas e das medidas de mitigação adotadas pelos gestores, o ruído ainda incomoda os moradores, o que sugere um forte fator cultural em relação a este problema. Conclui-se que as informações deste relato são promissoras para uma área ainda em desenvolvimento no Brasil e que implica a articulação interdisciplinar em torno dos efeitos dos barulhos de lazer na saúde.