ResumoEste artigo apresenta a discussão teórica e metodológica adotada na pesquisa de doutorado homônima. Partimos do território quilombola do Cabula, ancorando primeiramente na discussão sobre os processos de colonização, colonialidade e contra colonização e como influenciam o campo da saúde. A segunda sessão aporta na incidência desses processos sobre o oficio das Parteiras Tradicionais e no contexto da gestação, parto e pós-parto. Por fim, atracamos nos aspectos metodológicos em torno das narrativas como resistência contra colonizadora.
AbstractThis article presents the theoretical and methodological discussion adopted in the homonymous doctoral research. We started from the quilombola territory of Cabula, anchoring primarily in the discussion about the processes of colonization, coloniality and against colonization and how they influence the field of health. The second session focuses on the impact of these processes on the role of Traditional Midwives and in the context of pregnancy, childbirth and postpartum. Finally, we dock in the methodological aspects around the narratives as resistance against colonizers.
ResumenEste artículo presenta la discusión teórica y metodológica adoptada en la investigación doctoral homónima. Partimos del territorio quilombola de Cabula, anclando principalmente en la discusión sobre los procesos de colonización, colonialidad y contra la colonización y cómo influyen en el campo de la salud. La segunda sesión se centra en el impacto de estos procesos en el papel de las parteras tradicionales y en el contexto del embarazo, el parto y el posparto. Finalmente, incluimos los aspectos metodológicos en torno a las narrativas como resistencia contra los colonizadores.
INTRODUÇÃO
Como as mulheres das comunidades do Cabula enunciam em suas narrativas, as vivências dos cuidados durante a gestação, parto e pósparto?Tal questão norteia a pesquisa de doutoramento cujos passos nos propomos contar neste artigo. Partindo desse problema, entendemos o Cabula como território de saberes tradicionais que "(...) pode falar de si mesmo, sua origem, sociabilidade e sua existência de lugar de afirmação africana e africanobrasileira" (NICOLIN, 2016 p. 108-109). A população do Cabula, remanescente de quilombos, apresenta em seu território, modos singulares e, ao mesmo tempo, plurais de cuidar da saúde, em contraposição a colonialidade inerente ao seu processo de composição, responsável pela marginalização e a desvalorização dos conhecimentos tradicionais e populares.Os territórios quilombolas dispõem de uma identidade singular, elo entre seus moradores e destes com a terra, chão das relações comunitárias dadas por interesses comuns, com a participação de suas lideranças e a ancestralidade ali manifestada. Os quilombos são coletividades organizadas que expressam a luta pela liberdade, influenciadas pela geografia, a ecologia e os campos de forças sociais inerentes ao contexto de insubordinação e ocupação deste espaço, não dispondo de regras únicas, concepções unidimensionais (SILVA, 2000;SANTOS, 2015). Mani...