Neste trabalho, investigamos a natureza do fenômeno V2 parcial do português clássico. Essa fase linguística licencia construções de inversão do sujeito que sugerem ter havido movimento do verbo para o sistema CP, tal como em línguas V2. No entanto, ao contrário de uma gramática V2 padrão, o português clássico também permite que o verbo finito não apareça obrigatoriamente em segunda posição linear. Aqui, com base na proposta cartográfica de Rizzi (1997) para a periferia da sentença, apresentamos evidências de que o português clássico instancia movimento do verbo para Fin0, o mesmo núcleo para onde é alçado o verbo em línguas V2 prototípicas (HAEGEMAN, 1996; MOHR, 2004; ROBERTS, 2004). Mostramos que a diferença substancial do português clássico em relação a uma língua V2 se reduz à presença ou não de um traço EPP no núcleo Fin0: sistemas V2 apresentariam esse traço, ao passo que o português clássico careceria dessa propriedade.