Este artigo investiga, a partir de uma perspectiva sociológica, a emergência da genômica nutricional, um campo de pesquisa que surgiu do Projeto Genoma Humano, cujo objetivo é renovar o diagnóstico, a prevenção e o manejo de patologias crônicas relacionadas à alimentação. Nesta abordagem, a identificação precisa de fatores de risco genéticos e epigenéticos no nível individual pode culminar no desenvolvimento de uma nutrição personalizada. Por isso, é frequentemente apresentada como uma revolução científica. A primeira parte do artigo define esse campo de pesquisa discutindo suas principais questões científicas e apresentando suas aplicações médicas que consistem em: biotecnologia disponível no mercado na última década (via testes nutrigenéticos), bem como um programa de saúde pública (a iniciativa “Primeiros 1000 dias”). Em seguida, foca em suas consequências sociais, éticas e políticas, visto que pode provocar novas formas de responsabilidade nas escalas individual, intergeracional e política, além de estimular a medicalização da alimentação e, consequentemente, sua individualização. Finalmente, o artigo procura compreender em que medida as relações alimentação-saúde no campo da genômica nutricional podem ser melhor analisadas a partir de uma abordagem que religue as ciências sociais, biomédicas e da vida.
Palavras-chave: Meio ambiente. Epigenética. Saúde Pública. Pesquisa Interdisciplinar. Nutrigenômica.