Introdução: O trabalho atende ao desejo humano, corresponde à condição de ser membro produtivo da sociedade e direciona o indivíduo para um objetivo na vida. Porém, ambientes turbulentos, sob pressão, que propiciam aumento progressivo de emoções negativas, podem resultar na perda de satisfação com o trabalho realizado, afetar o desempenho das atividades e levar ao uso abusivo de substâncias psicoativas, com surgimento de transtornos mentais. O trabalho militar possui uma identidade marcante, no qual a disciplina, a hierarquia, o excesso de atividade física e a ocorrência de punições são as bases para a formação dos sujeitos que dele faz parte. Tal fato tem um impacto significativo na Satisfação no Trabalho e no Desempenho Individual do Trabalhador, que, na tentativa de lidar com as demandas deste cenário, pode desenvolver o uso de álcool/drogas de modo problemático e afeito a transtornos mentais. Objetivo: Investigar a relação entre a Satisfação no Trabalho e o Desempenho Individual no Trabalho, o Transtorno Mental Comum (TMC) e o Uso de Álcool e Drogas no Universo Militar. Método: Pesquisa quantitativa, exploratória-descritiva, do tipo transversal. Foram utilizados os instrumentos de Medida de Autoavaliação de Desempenho no Trabalho, Escala de Satisfação no Trabalho, Self-Report-Questionnaire 20 (SQR-20) e Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST). Para análise dos dados, aplicaram-se estatísticas descritivas-correlacional, com testes de associação (Kruskal-Wallis, Wilcoxon-Mann-Whitney e Brunner-Munzel) e de Correlação de Spearman, conforme apropriado. Considerou-se como significância estatística p<0,05. Resultados: A amostra foi composta por 229 militares de um Batalhão de Infantaria do Estado do Paraná. As relações foram entre Satisfação no Trabalho x TMC (p=< 0,001); Satisfação no Trabalho x Desempenho Individual no Trabalho (p=0,083). Não houve correlação da Satisfação no Trabalho e Uso de Álcool e Drogas, apesar de uma parte significativa da amostra necessitar de intervenção breve. Conclusão: O estudo é pioneiro no Brasil e pode subsidiar os enfermeiros que atuam nos cenários militares para estruturar programas de saúde mental e de prevenção ao uso abusivo/nocivo de álcool e outras drogas e para revisão do processo de trabalho dos militares.