RESUMO: Este artigo tenta mostrar o quanto é importante estudar a experiência das crianças e seus pontos de vista para podermos compreender os diferentes fenômenos sociais que lhes dizem respeito. Na perspectiva da sociologia da infância, sua experiência é considerada no âmbito das estruturas sociais e do contexto particular nos quais se insere. A partir de vários exemplos no campo da educação de crianças, a autora argumenta que não basta examinar as práticas educativas de seus educadores, mas que é necessário compreender as perspectivas das crianças ou, dito de modo mais simples, que importa analisar não apenas o que os educadores fazem com as crianças, como também o que estas fazem com o que se faz com elas. Duas pesquisas são apresentadas para apoiar essa abordagem: a primeira diz respeito à experiência que as crianças têm de sua educação no âmbito familiar e escolar; a segunda trata de um objetivo particular dos educadores modernos: o desenvolvimento da autonomia das crianças. Em ambos os estudos, a experiência das crianças foi apreendida por intermédio de suas representações, emoções e ações, e foi situada segundo suas características sociais e culturais.Palavras-chave: Sociologia da infância. Educação. Pais. Autonomia.Representações.
PARENTAL EDUCATION PRACTICES AND CHILDREN'S EXPERIENCEABSTRACT: This paper tries to show that the experience of children and their points of view are paramount when one wants to understand the various social phenomena that concern them. According to the perspective of the Sociology of Childhood, children's experience is analyzed in the framework of the social structures and s relações entre pais e filhos costumam suscitar debates apaixonantes e apaixonados e, nestes últimos tempos, passaram a focalizar mais particularmente a relação de autoridade. 1 No Ocidente, hoje em dia, observa-se que as mudanças sociais têm levado a um deslocamento nas relações de autoridade pais/filhos, de um modelo baseado na imposição e no controle a outro fundamentado na participação e na negociação. Embora este fato alegre quem vê nele um exemplo democrá-tico de evolução, ele costuma assustar aqueles que, pelo contrário, estão convictos de que reforça o individualismo e ameaça a civilização democrática (Roussel, 2001).Contudo, pode-se afirmar que os pais não têm mais autoridade? E se fosse o caso, poder-se-ia asseverar que sua influência sobre seus filhos é determinante ou que estão na origem dos problemas atribuídos a estes? Para tentar responder a essas indagações, propomos duas abordagens: 1) examinar brevemente a maneira como as práticas educativas dos pais foram analisadas nas ciências sociais; 2) introduzir um ponto de vista essencial e por muito tempo desprezado: o dos destinatários dessa educação, as crianças.
As práticas educativas dos paisHoje em dia, as mídias costumam alardear que as relações entre adultos e crianças nunca foram tão difíceis. Quase toda semana, apresentam pais enleados, desnorteados, demissionários ou docentes estressados, Cléopâtre Montandon esgotados, desiludidos e exi...