A alexitimia carateriza-se pela dificuldade no processamento emocional e reconhecimento de expressões faciais, processos indispensáveis no relacionamento interpessoal. Neste estudo, pretendemos avaliar se o processamento de expressões faciais em indivíduos com altos níveis de alexitimia, sobretudo de expressões com cariz emocional negativo (raiva, nojo), é diferenciado do processamento efetuado por indivíduos com baixos níveis de alexitimia. Os participantes (67 mulheres) realizaram uma tarefa de procura visual onde se apresentavam conjuntos de expressões faciais emocionais (alegria, raiva, nojo), tendo os participantes de detetar de modo rápido e preciso a presença (ou ausência) destas expressões apresentadas entre expressões faciais neutras. Os resultados não revelaram quaisquer diferenças significativas entre os grupos. Contudo, verificou-se um processamento diferencial das expressões faciais emocionais em função do género da face. As expressões emocionais negativas em faces de homens foram mais rapidamente detetadas. Por outro lado, o processamento de faces de mulheres que expressavam raiva conduziu a uma maior proporção de erros. Os pressupostos evolutivos associados ao processamento das emoções negativas, que a literatura na área da relação entre a emoção e a atenção aponta como adaptativa na população em geral, poderá explicar a ausência de efeitos significativos entre o grupo com altos e baixos níveis de alexitimia.