ResumoIntrodução: Pesquisas documentam declínio na memória ao longo do envelhecimento, entretanto, estudos apontam que o treino gera um aumento significativo no desempenho de idosos. Objetivo: Replicar resultados internacionais referentes a treino de memória com uma amostra brasileira de idosos saudáveis e investigar mecanismos, como o uso de estratégias, que possam explicar seus benefícios. Método: 69 idosos saudáveis, subdivididos em grupo experimental (GE) e grupo controle (GC), receberam quatro sessões de treino de memória (GC recebeu o treino após o pós-teste). O treino ofereceu informações sobre memória e envelhecimento, instrução e prática em organização de listas de supermercado e grifo de idéias principais em textos. Resultados: No pós-teste o GE apresentou melhor desempenho na recordação de texto e maior uso de estratégias (organização da lista e uso de grifo). Os dois grupos relataram menor número de queixas (medidas através do MAC-Q) e processamento de informações mais rápido (símbolos do WAIS-R) no pós-teste. Conclusões: Após o treino, os idosos fazem uso mais intenso de estratégias de memória, mas este fato não garante melhor desempenho (não houve aumento na memorização da lista). Os achados para a lista sugerem a presença da deficiência da utilização: os idosos usaram a estratégia, mas não se beneficiaram dela. Palvaras-chave: Memória; treino; envelhecimento; estratégias.
AbstractIntroduction: Studies document a change in memory during the process of aging. However, studies report the possibility of improvement after training. Objective: To replicate international findings regarding the effects of memory training with a sample of Brazilian elders and to investigate mechanisms, such as the use of strategies, that can explain its benefits. Methods: 69 healthy Brazilian elders were randomly divided into an experimental group (EG) and a control group (CG), and received four sessions of training (CG received training after pos-test). Training included information on memory and the process of aging, instruction and practice in organizing grocery lists and the underlining of main ideas in short texts. Results: There was superior improvement for prose recall and greater use of strategies (organizing lists and underlining texts) for the EG at post-test. Both groups reported fewer memory complaints (assessed with the MAC-Q) and faster information processing (WAIS-R Digit Symbols sub-test). Conclusions: After training, elders intensify the use of strategies, however, this fact does not guarantee a better performance (there was no significant improvement in list recalls). List recall results suggest the presence of the utilization deficiency: elders used the strategy but failed to benefit from it.