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Máscaras dos Césares: teatro e moralidade nas vidas suetonianas
Autor(es):Brandão, José Luís Lopes
IntroduçãoAo encetar a tarefa de escrever as Vidas dos Césares, Suetónio tem plena consciência do caminho que escolhe. Historiografia e biografia representavam modelos diferentes de abordagem. O método antigo dos annales revela-se desadaptado ao tratamento do governo dos imperadores. Se, durante a República, se fazia história à volta da rotação anual dos cônsules, no Império, a unidade política é definida pelo tempo da duração de cada principado. Se, durante a República, prevalecia o registo dos acontecimentos e feitos levados a cabo pela comunidade do senatus populusque Romanus, com o advento do Império cresce o protagonismo da figura do princeps daquela colectividade: a pessoa do imperador, com os seus vícios e virtudes, torna -se o principal agente da história -e o registo biográfico impõe-se naturalmente. Nada se ganha já com o saudosismo da República. O senador Tácito ainda estabelece uma contraposição moralizadora entre passado e presente, virtude e decadência moral, mas a administração imperial evoluiu por um caminho que não tem retorno: a extensão do Império assim o exige.1 Suetónio, cavaleiro e funcionário imperial, é um produto da nova ordem instituída por Augusto, e escolhe um modelo que, à partida, assenta numa tradição diversa da dos historiadores. 2 Tácito, empenhado na história de Roma do século I, acabara de escrever os Annales; Suetónio opta pela biografia, género mais humilde, mas mais adequado ao governo de um só homem. Por outro lado, o modelo biográfico suetoniano também se distingue do seguido por Tácito no seu Agricola.Não seria razoável buscar um modelo único para o método biográfico adoptado por Suetónio. Muitas das características do seu trabalho se encontram em desenvolvimento ao longo da história da literatura greco -latina. Entre os precursores da biografia em prosa, podem contar-se, além da saga heróica, as formas líricas qu...