Neste trabalho, trazemos evidências de que as relações textuais (argumento, contra-argumento, preparação, reformulação, etc.) exercem papel importante na dimensão epistêmica da interação. Para isso, aproximamos as contribuições teórico-metodológicas de duas abordagens interacionistas: os estudos sobre a dimensão epistêmica desenvolvidos no quadro da Análise da Conversa, e os estudos sobre as relações textuais e seus marcadores desenvolvidos no âmbito da Pragmática do discurso. O corpus estudado foi a entrevista concedida em 2022 pelo então candidato à presidência da república, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal Nacional, da Rede Globo, no contexto da campanha eleitoral. Dada a abrangência do tema, focalizamos o papel das relações textuais de preparação e contra-argumento presentes nos turnos em que os entrevistadores fazem perguntas. Nesses turnos, essas relações textuais são recursos com que os entrevistadores hierarquizam informações, bem como as posturas epistêmicas (K+, K-) materializadas no modo como essas informações são expressas. Em razão desses procedimentos, a estruturação do turno de pergunta pode impactar o desenvolvimento da sequência pelo entrevistado, que pode aceitar ou contestar a hierarquia proposta, bem como a assunção, pelo entrevistador, de posturas epistêmicas.