ResumoO bullying trata-se de um fenómeno que cerceia a realidade escolar de forma invisível e/ou oculta para muitos, afetando crianças e adolescentes que sofrem as consequências de processos agressivos contínuos. A escola, percebida como um espaço social privilegiado e propício ao (inter)relacionamento e desenvolvimento dos seus educandos, tem-se transformado em palco de variadas formas de violência. Estudos sobre prevenção e intervenção enfatizam a necessidade de ações conjuntas entre família, escola e os sujeitos envolvidos. Apresentamos uma proposta de ação preventiva e de intervenção, que se efetivará através de uma das mais antigas e eficazes formas de aprendizagem: o «conto de histórias». Palavras chave: Bullying, contexto escolar, família, estratégia de intervenção
AbstractBullying is a phenomenon that blinds school reality in an invisible and/or hidden way for many, affecting children and adolescents who suffer the consequences of continuous aggressive processes. The school, perceived as a privileged social space and conducive to the (inter)relationship and development of its students has been transformed into a stage of various forms of violence. Studies on prevention and intervention emphasize the need for joint actions between family, school and the subjects involved. We present a proposal for preventive action and intervention, which will be carried out through one of the oldest and most effective forms of learning: the "storytelling". Keywords: Bullying, school context, family, intervention strategy.
IntroduçãoA escola é um espaço social privilegiado e propício ao inter-relacionamento e desenvolvimento das crianças e dos adolescentes e com forte influência da construção das suas identidades. Nos seus registos históricos, a instituição escolar era percebida como local seguro, porém, no espaço temporal da nossa contemporaneidade, vem-se transformando em palco de conflitos e tensões, A violência escolar, não sendo um problema novo, tornou-se, nas últimas décadas do século XX e até à atualidade, objeto nuclear de investigação (Olweus, 1978; Troop-Gordon, 2017). Por se tratar de um fenómeno complexo e múltiplo, não pode ser ignorado.
Compreendendo o bullying
As condutas antissociaisLoeber e Hay (1994), citados por Martins (2009, p.373), definem conduta antissocial ou agressiva como "(...) aquela que inflige dano físico ou psicológico ao outro; e/ou perda ou dano de propriedade, podendo ou não constituir uma infração às leis vigentes". O primeiro autor referido, juntamente com um colaborador (Loeber & Schmaling, 1985), havia já anteriormente abordado com profundidade a análise de padrões mais ou menos explícitos desta conduta. A definição referida deixa clara a determinação social do construto, o qual pode incluir diferentes subtipos, níveis de destruição, formas e funções (Morgado & Vale-Dias, 2013). Na sua contribuição acerca desta temática, Roland e Idsoe apud Martins (2009) sugerem que se diferencie dois subtipos de violência ou agressão: a violência reativa ou expressiva e a violência instrumental ou...