Este estudo teve como objetivo principal analisar como o currículo e a cultura escolares acabam por rarear as já escassas possibilidades de consolidação das práticas de leitura de alunos empobrecidos e periféricos. A metodologia é predominantemente qualitativa, com característica descritiva, a partir de uma experiência etnográfica. Como instrumento de construção de dados, realizou-se observação sistemática no primeiro semestre letivo de 2022, ocorridas uma vez por semana, sempre no mesmo dia, durante as aulas de língua portuguesa dos três 1os anos do turno vespertino. Os registros foram documentados em um diário de campo. Os resultados destacam que o currículo do Novo Ensino Médio (NEM), quando aplicado em territórios periféricos e empobrecidos, prioriza o mercado de trabalho em detrimento do pensamento crítico. Constatou-se, também, insatisfação entre os professores e falta de orientação para implementação do NEM. A falta de ênfase na leitura e a inclusão de disciplinas eletivas sem diretrizes claras prejudicam os objetivos educacionais de formação leitora.