Resumo. Este artigo apresenta reflexões etnográficas realizadas a partir de trabalho de campo em um serviço de assistência em saúde mental para refugiados na cidade de São Paulo, e em outros contextos. Aponto para como a categoria trauma, pressupondo um sofrimento passado, é acionada pelo serviço de saúde mental, mas não pelos sujeitos atendidos, que recorrem a temporalidades presentes e futuras de sofrimento na requisição de auxílio junto a esses serviços, demonstrando como as abordagens são reformuladas ou não face a apresentação dessas temporalidades de sofrimento distintas.Palavras-chave: refugiados; saúde mental; trauma; racismo; antropologia.Abstract. This paper presents ethnographic reflections from my fieldwork in a mental health assistance program for refugees in the city of São Paulo, and in other contexts. I point to how the notion of trauma, which entails a kind of suffering that takes place in a past time, is mobilized by the mental health service, but not by the subjects assisted by them, that mobilize present and future temporalities when requesting this kind of aid, demonstrating how these approaches and interventions are reformulated or not when facing these distinct temporalities of suffering.