TIMENETSKY, J. et al. Avaliação de desinfetantes químicos de uso doméstico contra Vibrio cholerae EL TOR (amostra não toxigênica). Rev. Saúde públ., S. Paulo, 26: 328-31, 1992. As metodologias de avaliação microbiológica de desinfetantes são permanentemente questionadas porque os protocolos laboratoriais não representam as condições reais de uso desses produtos. Em 1985, adotou-se no Brasil, a metodologia da Diluição-Uso da AOAC, para a qualificação microbiológica de desinfetantes químicos, para fins comerciais. Desta maneira, os desinfetantes domésticos são testados contra amostras padrões de Salmonella choleraesuis e Staphylococcus aureus. Pesquisou-se o emprego de Vibrio cholerae devido a sua atual importância, no Brasil, em termos de Saúde Pública, associada ao estudo da atividade antimicrobiana de desinfetantes. Dezenove produtos desinfetantes de uso doméstico encontrados no comércio foram microbiologicamente avaliados. A metodologia foi a Diluição-Uso com 10 carreadores. Os compostos ativos dos produtos incluíam: formaldeído, fenóis, cresóis, amônio quaternário, cloro e etanol, sendo que sete, eram de composição associada. Conforme as recomendações de uso, dezesseis produtos, devem ser utilizados sem diluição. Nestas condições, 9 desinfetantes foram vibriocidas e sete não revelaram tal atividade antibacteriana. Quatro produtos em diluições não esclarecedoras para a desinfecção também mostraram-se ineficazes. Os produtos vibriocidas que devem ser utilizados sem diluição, foram reavaliados diluídos ao dobro. Estas soluções não inativaram V.cholerae, demonstrando microbiologicamente que os seus compostos ativos estão em concentrações limítrofes. O álcool comercial (95,5° GL) a 1:3, a "água sanitária" (2,8% de cloro ativo) a 1:200, creolina a 1:10 e o "Lysoform" a 1:20 atingiram os padrões do teste.Descritores: Desinfetantes. Vibrio cholerae. Avaliação microbiológica.
IntroduçãoAs metodologias de avaliação microbioló-gica de desinfetantes são permanentemente questionadas porque a eficácia necessária de um composto ativo, nas condições reais de uso, são diferentes dos protocolos laboratoriais 12,14 . A metodologia da Diluição-Uso padronizada pela AOAC ("Association of Official Analytical Chemist"), adotada no Brasil desde 1985 na qualificação de desinfetantes para fins comerciais 1,8,11 , preconiza a utilização de cepas bacterianas e/ou fúngicas padrões tidas como representativas. Na avaliação de desinfetantes domésticos utilizam-se Staphylococcus aureus e Salmonella choleraesuis. Para desinfetantes institucionais (banheiros públi-cos, clubes, escolas, colônias de férias) recomenda-se a inclusão de Pseudomonas aeruginosa, enquanto que para os desinfetantes hospitalares, dependendo da área a ser descontaminada (não crítica, semi-crítica e crítica), além das espécies citadas, são incluídas espécies de micobactérias (M. smegmatis e M. bovis) e esporos de Trichophyton mentagrophytes 1,8 . Considerando que os desinfetantes quími-cos devam destruir microrganismos indesejá-veis 4 e que V. cholerae não está incluíd...