A pandemia de COVID-19 fez aumentar o interesse por alimentos de conforto. Diversas pesquisas têm demonstrado mudanças no comportamento e/ou hábitos alimentares da população na busca por uma alimentação “confortável”, ou seja, por alimentos capazes de promover bem-estar e consolo aos indivíduos. Baseando-se no conceito altamente heterogêneo de alimentos confortantes, esta pesquisa teve como objetivo compreender as mudanças alimentares da população e associá-las à procura por alimentos de conforto durante a pandemia de COVID-19. Trata-se de uma revisão narrativa com busca sistematizada por artigos publicados de 11 de março de 2020 a 31 de dezembro de 2021 nas bases de dados da PubMed, Web of Science e Embase, utilizando descritores combinados com auxílio de operadores booleanos: (COVID-19 OR Sars-CoV-2) AND (feeding behavior OR food habit* OR comfort food OR eating emotional). Foram incluídos 23 artigos originais, totalizando 120.569 pessoas avaliadas, com predomínio de estudos transversais e população adulta. Foram observadas tanto mudanças alimentares positivas, tais como: aumento no consumo de frutas, verduras e legumes, maior adesão à dieta do mediterrâneo e aumento de consumo de preparações caseiras, assim como as negativas: aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares e/ou gorduras, maior consumo de alimentos ultraprocessados, lanches rápidos, salgadinhos e comida industrializada. Conforme a taxonomia situacional de alimentos confortantes, descrita por Julie Locher (comidas nostálgicas, comidas de indulgência, comidas de conveniência e comidas de conforto físico), e as características altamente idiossincráticas desta categoria de alimentos, esta revisão sugere que possa existir uma relação positiva entre as mudanças alimentares decorrentes da pandemia de COVID-19 e a busca por alimentos capazes de promover bem-estares físico e/ou emocional ao indivíduo.