Tradições Discursivas: conceitos e métodos para a análise diacrônica de gêneros

Abstract

Este trabalho discute a gênese da noção de Tradição Discursiva (TD) como paradigma teórico e reflete sobre a polissemia do termo quando tomado como objeto de análise, visto que os estudos atuais em TD mostram que esse objeto pode ser encarado tanto como: a) formas particulares de dizer, b) gêneros, c) características constitutivas dos gêneros. Apresenta, ainda, uma proposta teórico-metodológica para análise diacrônica de gêneros a partir do modelo de Zavam (2009) e resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa -- Tradições Discursivas do Ceará que tomaram esse modelo como norte para a análise histórico-diacrônica de diferentes gêneros.

Traços da história do gênero discursivo infográfico no jornalismo impresso do Sul e Sudeste brasileiro: entre conservação e evolução

“…Em primeiro lugar, esse termo serve para referenciar a perspectiva teórico-epistemológica na qual se inscrevem trabalhos que tomam como referência os estudos de Coseriu e seus interlocutores, como o nosso. Todavia, o termo TD pode remeter ao gênero como objeto de investigação; às características linguístico-discursivas constitutivas dos gêneros; e, também, às formas particulares de dizer (Carvalho & Zavam, 2018). Essas questões são aprofundadas no próximo tópico, no qual se estabelece um diálogo com o conceito de gênero do discurso (Bakhtin, 2011).…”

“…Como exemplo, podemos afirmar que a carta, o conto de fadas e a petição são gêneros e, no enquadre teórico aqui discutido, também são considerados TD. De igual modo, as expressões características desses gêneros, tais como: "venho por meio desta", "era uma vez..." e "nestes termos pede deferimento" são TD, porém, subordinadas às tradições de natureza superior (as dos gêneros) (Carvalho & Zavam, 2018). Em virtude dessa compreensão, descortina-se um novo caminho para análise de gêneros, que consiste em considerar suas características como tradições discursivas que, por um viés diacrônico, podem ser examinadas em razão de sua conservação e inovação ao longo da sua trajetória sócio-histórica.…”

“…Para a montagem do corpus, instituímos os seguintes recortes temporais: 1990-1995 e 2015-2020, tendo em conta que, tal como visto no tópico anterior, o primeiro recorte corresponde ao período em que o infográfico passa a ser produzido de forma copiosa, já o segundo é uma escolha de contraposição ao tempo mais atual. Entre o primeiro e o último ano (1990 e 2020), temos um intervalo de trinta anos, que é a recomendação sugerida pelos estudos de TD (Carvalho & Zavam, 2018). Com a intenção de facilitar a análise -que é entabulada no próximo tópico -, atribuímos uma etiqueta a cada texto, seguindo esta estrutura: INFO (para indicar "infográfico") + PX (em que "X" é 1 para o período 1990-1995; e 2 para o 2015-2020) + XX (em que "XX" é um número de 0 a 15 que identifica o texto no corpus, seguindo a ordem cronológica de publicação).…”

O estudo da Paleontologia na educação básica: Alfabetizando e construindo o conhecimento

“…O termo, assim se refere como sendo o objeto de estudo dos Paleontologistas, estando ligada as margens de erudição e complemento das disciplinas de Biologia e Geografia, servindo de complemento em todas as áreas do conhecimento que se pretende estudar. (CARVALHO, 2010).…”

A historicidade no ensino de gêneros de texto: um projeto de internacionalização da pesquisa em Língua Portuguesa

“…Quais são as dimensões ensináveis que merecem ser associadas à historicidade? Essas são questões que motivam a elaboração deste artigo e são discutidas à luz das concepções e da interface entre os modelos da Tradição Discursiva (Coseriu, 1981;Koch, 1997;Kabatek, 2006;Coseriu, 2007 2 ;Kabatek, 2015;Andrade & Gomes, 2018;Carvalho & Zavam, 2018) e do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1996;Schneuwly & Dolz, 2010;Dolz, 2013). A partir dessa interface, defendemos três teses: 1) a noção de Tradição Discursiva é fundamental para o estudo de gêneros textuais e é compatível com o modelo do Interacionismo Sociodiscursivo; 2) a elaboração de modelos didáticos precisa incluir dimensões históricas para abordar as regularidades dos textos e da língua; 3) é necessária a abertura de uma nova possibilidade de ensino para desenvolver a compreensão e a produção dos alunos.…”