RESUMOEste trabalho teve o objetivo de avaliar o perfil de crianças encaminhadas para serviços de saúde mental e discutir o impacto dos problemas funcionais apresentados em escolares, que podem estar sendo negligenciados pelas políticas públicas brasileiras. Os dados de 160 escolares, de ambos os sexos, foram coletados em três serviços médicos de saúde mental com os respectivos cuidadores, a partir de dois instrumentos: ficha de identificação para caracterizar os participantes, os cuidadores, o perfil sociodemográfico, o responsável pelo encaminhamento e a queixa; e Inventário dos Comportamentos para Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL6/18 anos). Os dados obtidos evidenciam uma alta demanda devido a dificuldades emocionais/comportamentais, combinadas com dificuldades de aprendizagem, de relacionamento e na vida diária, denominadas pelo Ministério da Educação (MEC) como transtornos funcionais, não atendidas pelas políticas de Ensino Especial, encaminhadas por postos de saúde e médicos, e não prioritariamente pela escola, encaminhador padrão. Exceto pelo encaminhamento, os dados são consistentes com a literatura, que aponta uma alta incidência dessas dificuldades em crianças e adolescentes, geradores de barreiras acadêmicas e de problemas de alto impacto ao longo da vida acadêmica e pessoal. A esse respeito, modelos de intervenções baseadas em escola têm de forma crescente ampliado o conceito de inclusão e apontado alternativas
ABSTRACTThis study had the objective of evaluating the profile of children referred to mental health services and of discussing the impact of functional problems presented at school, which may be neglected by the Brazilian public policies. Data from 160 schoolchildren, of both genders, was collected from their respective caretakers in three mental health services using two instruments: an identification form to characterize the participants, the caretakers, the social-demographic profile, the person responsible for the referral and demand; and the Child Behavior Checklist (CBCL) for children and adolescents between 6 and 18 years of age. Data obtained showed a high demand due to emotional/behavioral difficulties combined with learning, relationship and daily life difficulties named functional disorders by the Brazilian Ministry of Education and Culture (MEC) and not attended by the special education policies, which were referred by health centers and not mainly by the school, which would be the standard. Except for the referral, data is consistent with the literature, which points out a high incidence of these difficulties in children and adolescents, creating academic barriers and problems that have a great impact throughout their academic and personal lives. In this regard, intervention models based in schools have increasingly widened the concept of inclusion and offered promising alternatives of alliances between schools and mental health services, which may inspire future public policies in the area.