Diversos estudos acadêmicos têm revelado a importância do domínio de práticas de oralidade e de gêneros orais para a atuação profissional e a vida em sociedade, como Scheneuwly; Dolz (2004) e Araújo; Silva (2013). Não obstante, esses autores, bem como Magalhães (2020), argumentam que a oralidade ainda ocupa um espaço tímido tanto na escola quanto na universidade; ou, quando presente nessas esferas, é possível notar a ausência de compreensão teórico-metodológica por parte da/do docente e, consequentemente, de orientações a/ao discente para atividades que envolvam tal modalidade linguística. O presente artigo tem como objetivo evidenciar as dimensões de gênero textual/discursivo contempladas em orientações didáticas para a produção de seminário em livros didáticos de Língua Portuguesa. Para tanto, à luz de estudos apresentados em Schneuwly; Dolz e colaboradores (2004), tecemos reflexões acerca da oralidade no ensino de Língua Portuguesa. Além disso, propomos a definição de seminário como um hipergênero, com base em Bonini (2011) e em Storto; Fonteque (2018). Nesse sentido, descrevemos e analisamos três propostas de produção de seminário em livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Médio aprovados pelo PNLD 2018. Adotamos o modelo de análise de gêneros textuais/discursivos proposto por Magalhães e Silva (2021), que consiste na observação das seguintes dimensões: discursividade, textualidade, normatividade. A fim de adequarmos a análise ao hipergênero em foco, ampliamos o modelo, acrescentando as dimensões multimodalidade e recursos operacionais. Os resultados apontam que os materiais didáticos fornecem encaminhamentos coerentes e relevantes para a realização do seminário, considerando-se características desse hipergênero e os critérios apresentados pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD. Isso revela avanços significativos em relação ao ensino de Língua Portuguesa. Por outro lado, observam-se orientações didáticas ainda permeadas por um desconhecimento relativo à compreensão da oralidade, reforçando, inclusive, mitos do senso comum, ao tratar os gêneros orais como não planejados, intuitivos, totalmente desvinculados da escrita e, consequentemente, das práticas de letramento.