“…Nesse caso, o jornal servia de suporte à gramatização da língua: dava-se a saber naquele espaço da gramática da língua pelo jornal. Caso diferente é o de O dialeto caipira, de Amadeu Amaral (um dos objetos deste artigo), que também já consideramos instrumento linguístico (MEDEIROs;MAttOS, 2012), na medida em que, com esse livro, delimita-se um certo falar indicado como dialeto caipira, isto é, nomeia-se uma porção de língua (local e regional) em solo brasileiro e dá-se a tal porção um contorno fonético, lexical e sintático, instaurando, assim, uma discursividade que vai ressoar até os dias atuais, tanto em manuais didáticos (MEDEIROs; MAttOs, 2012) quanto em livros sobre a linguagem, por exemplo, pois "Não há como negar que, em termos socioeconômicos são Paulo há muito superou o Rio de Janeiro, mas, por outro lado, mantém a sua marca localista, pelo menos na fala, a marca do chamado 'dialeto caipira'" (LEItE;CALLOu, 2002, p. 10).…”