Uso do hábitat, atividade e comportamento de Bothriopsis bilineatus e de Bothrops atrox (Serpentes: Viperidae) na floresta do Rio Moa, Acre, Brasil

Abstract

As serpentes Bothriopsis bilineatus e Bothrops atrox são viperídeos simpátricos na Amazônia, sendo B. atrox comum e B. bilineatus mais rara. Ambas espécies apresentam uma dieta generalista, sendo que B. atrox forrageia principalmente sobre o chão e B. bilineatus é mais arborícola. Aqui, nós descrevemos o uso do habitat e padrão de atividade dessas duas serpentes em uma floresta amazônica no Rio Moa, Cruzeiro do Sul, Acre. Esse estudo foi baseado em observações durante procura visual limitada por tempo e encontros ocasionais de serpentes em uma trilha que é sazonalmente alagada e outra de floresta de terra firme. Durante um total de 360 horas de procura visual limitada por tempo, 11 B. bilineatus e seis B. atrox foram encontradas, enquanto uma B. bilineatus e seis B. atrox foram encontradas durante encontros ocasionais. Todas 12 B. bilineatus foram observadas sobre a vegetação, enquanto somente cinco B. atrox estavam sobre a vegetação (todos juvenis). Durante procura visual limitada por tempo B. bilineatus foi mais comum (0,03 serpentes/hora) do que B. atrox (0,016 serpentes/hora). Essas duas espécies apresentaram diferenças no uso do espaço, sendo que B. bilineatus ocorreu principalmente na área da floresta de terra firme, rica em palmeiras e que não é sazonalmente alagada. Bothrops atrox foi mais abundante na área da floresta próxima aos lagos, que é sazonalmente alagada. Diferenças entre essas duas áreas como a estrutura da vegetação, tipos de ambientes aquáticos, disponibilidade de presas e fatores históricos são possivelmente os fatores responsáveis pela diferença na ocorrência dessas espécies. Estas duas serpentes foram encontradas nos meses mais chuvosos e não foram registradas nos meses mais secos, período em que também existe menor disponibilidade de anuros nesses ambientes. Na maior parte da Amazônia, B. bilineatus parece ser menos frequente que B. atrox, mas na área do presente estudo, a primeira parece ser mais frequente que a última durante procura visual limitada por tempo.

A complex biogeographic history of diversification in Neotropical lancehead pitvipers (Serpentes, Viperidae)

“…B. bilineatus ), and some inhabit open landscapes (e.g. B. erythromelas ) (Barbo et al, ; Barbo, Grazziotin, Sazima, Martins, & Sawaya, ; Campbell & Lamar, ; Guedes, Nogueira, & Marques, ; Guedes et al, ; Turci, Albuquerque, Bernarde, & Miranda, ).…”

Stepping into a dangerous quagmire: environmental determinants of human-lancehead pit vipers (Bothropsgenus) contact resulting in injuries, Brazilian Amazon

“…Some authors suggest that this seasonal pattern is related to the flooding in areas of land adjacent to streams margins, the location of the riverine villages, forcing the snakes to upland areas, increasing the likelihood of contact between humans and snakes (35). From another perspective, it is well established that snakes in the Amazon exhibit increased activity during months with higher rainfall, including Bothrops atrox and B. bilineatus (13,14,16,17). In the region of Manaus, Central Amazon, B. atrox present an unimodal seasonal activity in summer reflected in more productive collections of specimens in this season (16).…”

“…This genus includes mostly terrestrial species (e.g. B. alternatus and B. neuwiedi), as well as many that use vegetation, from the semi-arboreal B. jararaca (11) to the almost completely arboreal B. bilineatus (12)(13)(14). In at least some species, such as B. atrox, juveniles are found frequently on the vegetation than adults (15)(16)(17).…”

Bothriopsis bilineata bilineata (Wied, 1821) (Serpentes: Viperidae): new records in the states of Amazonas, Mato Grosso and Rondônia, northern Brazil

“…At the high Juruá River, state of Acre, B. bilineata was never found during a two years study inside the forests of Liberdade River (Bernarde et al unpublished data). On the other hand population density of B. bilineata (Hoge 1966;Cunha and Nascimento 1993;Silva-Jr. 1993;Silva-Jr. and Sites-Jr. 1995;Campbell and Lamar 2004;Turci et al 2009;Silva et al 2010) may be high in certain localities: in the forests of the lower Môa River, B. b. smaragdina was the most frequent pit viper (one snake found at each 32 hours; cf. Turci et al 2009 …”

“…We also add a new record of B. b. smaragdina for Acre (municipality of Cruzeiro do Sul, 07°45' S, 72°22' W; voucher UFACF 3761, Coleção Herpetológica da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, Cruzeiro do Sul), close to the westernmost report of this subspecies in Brazil, at the Môa River (07°37' S, 72°48' W) (Turci et al 2009). …”