Resumo Este artigo apresenta resultados de um estudo etnográfico acerca do universo simbólico que permeia a relação entre humanos e animais na Reserva Extrativista Mapuá, na ilha do Marajó, estado do Pará, Brasil. O objetivo foi descrever os saberes e as relações que se desenvolvem a partir das apreensões cosmológicas conferidas aos animais existentes na Unidade de Conservação. Observação participante e entrevistas semiestruturadas foram as principais ferramentas utilizadas. A pesquisa demonstrou uma cosmovisão tipicamente amazônica que figura indistintamente entre os domínios da natureza e da cultura, apontando para uma inexistência dessa dualidade ou uma outra compreensão para estas fronteiras. O estudo revela um rico patrimônio biocultural, que envolve a vida social, o mundo natural e a vida cosmológica, regidos pelas mesmas categorias.