RESUMOINTRODUÇÃO: A National Comprehensive Cancer Network (NCCN) define distress como uma experiência psicoló-gica, social e espiritual desagradável que interfere na capacidade de lidar com a doença. Múltiplos estudos revelam que a prevalência oscila entre 30% e 40%. O seu não reconhecimento impossibilita a referenciação para cuidados psicossociais especializados, o que acarreta custos biopsicossociais e financeiros. Neste sentido, a NCCN propôs como medida, a implementação de rastreios de distress protocolados, com vista a avaliação sistemática dos doentes nos momentos-chave do processo terapêutico. MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados os dados de 80 doentes oncológicos, avaliados em ambulatório no Hospital de Dia oncológico do Hospital CUF Porto, com recurso a uma ficha de dados clínicos e sociodemográficos e ao termómetro do distress e respetiva lista de problemas. RESULTADOS: Os dados revelam um distress médio de 5,01, estando a maioria dos doentes no, ou acima do, ponto de corte 5. Os diagnósticos com distress mais elevado foram os tumores cabeça-pescoço, cerebrais e urogenitais. A fase da doença com níveis superiores foi a de recidiva, seguindo-se a de início de tratamento e a paliativa. Os problemas mais frequentes por categoria foram: preocupação com as tarefas domésticas, preocupação com os filhos, nervosismo/ansiedade, e problemas de sono. Dos doentes, 23,8% foram referenciados para consultas de Psicologia/Psiquiatria após verbalizarem esta necessidade. CONCLUSÃO: Os dados obtidos revelam níveis elevados de distress, adequadamente identificado e intervencionado quando desejado, em resultado da implementação deste programa de rastreio. Esta prática reforça os modelos preconizados que integram rastreio, tecnologia, referenciação e intervenção psicossocial apropriada às particularidades de cada doente. PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias/psicologia; Qualidade de Vida; Stress Psicológicocomo o sexto sinal vital em Oncologia (depois do pulso, respiração, tensão arterial, temperatura e dor), sugerindo que passasse a ser avaliado por rotina pelos diferentes profissionais de oncologia que prestam cuidados ao doente oncológico e familiares, e intervencionado de acordo com as diretrizes práticas e clínicas para a gestão do distress que entretanto a NCCN havia definido e publicado sob a forma de handbook em 2006. 1,5,6 A NCCN (2013) 7 acresceu ainda a ideia de que os programas de rastreios quando isolados não surtem os resultados esperados, devendo obedecer a um algoritmo de triagem que torne os resultados sustentáveis e perduráveis, o que requer o desenvolvimento de um plano assistencial por parte das unidades de Oncologia que permita alocar os doentes com scores elevados a consultas da especialidade.
O RASTREIO DO DISTRESSA NCCN (2002, p.6) 8 definiu distress como "uma experiência emocional multifatorial desagradável de natureza psicológica (cognitiva, comportamental, emocional), social e/ou espiritual, que pode interferir com a capacidade de lidar efetivamente com o cancro, os seus sintomas físicos e o seu tratame...