Nos últimos anos, a região de savanas no Brasil, também conhecida como Cerrado, passou a ser considerada como um dos biomas mais ameaçados no mundo no que diz respeito à biodiversidade, com cerca de 40% de sua área original desmatadas. Em fato, esta região representa um importante pilar para a economia nacional, em grande parte devido à intensa produção agrícola gerada em seus domínios fisiográficos. Na necessidade, ainda que tardia, de se compreender este bioma em seus aspectos ecológicos e econômicos, este artigo versa sobre a eventual interdependência entre a valoração econômica, por meio das categorias de preços de terras, com o ativo ambiental cobertura vegetal nativa. Em particular, avaliamos as variáveis intensidade de pobreza, preços de terras e remanescentes de Cerrado em escala municipal para o Estado de Goiás (área core do Cerrado). Dentre os principais resultados, constatou-se uma dependência, ainda que tênue, entre a cobertura vegetal remanescente com tais categorias de preços, com destaque para a Pastagem de Alto Suporte (r2 de 0,30). Especificamente em relação ao índice social intensidade de pobreza (o qual influi diretamente sobre a conservação ambiental), os resultados indicam uma tendência de elevação da pobreza nas áreas do estado com maior proporção de Cerrado nativo (r2 de 0,38). Da mesma forma, a pobreza parece estar mais atrelada às localidades com preços de terras mais baixos, sobretudo nas regiões com ofertas para a categoria Pastagens de Baixo Suporte (r2 de 0,24).