Recebido em 16/10/10; aceito em 12/2/11; publicado na web em 15/4/11 BIOSILICATE ® : HISTORICAL OF A HIGHLY BIOACTIVE BRAZILIAN GLASS-CERAMIC. This paper presents a historical of the Biosilicate ® , a bioactive glass-ceramic developed at the Vitreous Materials Laboratory of the Federal University of São Carlos, Brazil. After decades of study accomplished with bioactive glasses and glass-ceramics, Biosilicate ® results from a natural evolution and has similar bioactivity index, but far superior mechanical properties than of all bioactive glasses. Biosilicate ® is almost fully crystalline and also exhibits much higher bioactivity than all the currently commercially available bioactive glass-ceramics. Due to its special characteristics, Biosilicate ® has been successfully tested for several medical and dental applications as we thoroughly discuss in this review paper.
INTRODUÇÃOO desenvolvimento de biomateriais que promovam a reparação de tecidos vivos lesionados visando o rápido restabelecimento de suas funções fisiológicas tem sido objeto de intensa e crescente investigação em nível mundial.1-4 Em se tratando da regeneração, ou mesmo reposição de partes do tecido ósseo, as cerâmicas têm sido uma das classes de materiais mais pesquisadas em função de sua ampla possibilidade de uso, que se estende desde o emprego isolado do material, que pode ser processado sob diferentes formas e morfologias, até o revestimento de próteses metálicas e configurações de sistemas híbridos organoinorgânicos a partir de sua associação com polímeros naturais e sintéticos ou mesmo combinados com moléculas e células instrutivas, caso essas não estejam disponíveis para serem mobilizadas. 1,[5][6][7][8][9] Embora a utilização de cerâmicas destinadas à reconstituição de ossos e dentes venha sendo realizada há séculos, na prática clínica o uso controlado desses materiais somente teve início no final do século XVIII com o emprego de porcelana para a confecção de coroas dentárias em Odontologia. Na Ortopedia, esse início se deu no final do século XIX com o uso do gesso (sulfato de cálcio hidratado, CaSO 4 •2H 2 O), sendo empregado para preenchimento ósseo.9,10 No intuito de se atender aos requisitos exigidos de materiais dedicados a aplicações cada vez mais específicas, no século XX inúmeras biocerâmicas de "alta tecnologia" tornaram-se disponíveis para fins biomédicos.1,5-13 Em 1920, Albee e Morrison relataram as primeiras aplicações de cerâmicas pertencentes à família dos fosfatos de cálcio para reparação óssea, imaginando, na ocasião, se tratar de um composto formado unicamente por fosfato tricálcio (TCP, Ca 3 (PO 4 ) 2 ). 14 Possivelmente, a primeira aplicação dentária desses materiais foi relatada por Nery et al. 15 50 anos mais tarde, que fizeram uso de um material poroso obtido pela sinterização do até então descrito TCP, que posteriormente demonstrou ser, na verdade, uma mistura constituída por hidroxiapatita (HA, (Ca) 10 (PO 4 ) 6 (OH) 2 ) e β-TCP.
16,17Biocerâmicas apresentando elevada biocompatibilidade e resistência mecânica, desti...