Violências em territórios faccionados do Nordeste do Brasil: notas sobre as situações do Rio Grande do Norte e do Ceará

Abstract

O artigo trata do processo de surgimento, consolidação e expansão das facções nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Discutimos as formas de envolvimento de jovens adolescentes em coletivos criminais conhecidos como facções, tratando das experiências deles em dois grupos particulares: os Guardiões do Estado, do Ceará, e o Sindicato do Crime, do Rio Grande do Norte. Em linhas gerais, evidenciamos dinâmicas próprias desses grupos e contextos, assim como modos de representações e de gestão de suas práticas criminais. Tratamos, por fim, dos efeitos sociais de um número cada vez maior de jovens envolvidos nessas organizações, analisando as consequências desse fenômeno para a vida em sociedade.

Ensino Da Diversidade Cultural

“…Desse modo, a aculturação continuou, assim como o pensamento colonial, sendo reproduzido nas práticas cotidianas e no sistema educacional. O mesmo acontece quando os atos de extermínio das populações são levados a cabo pelo uso da força policial militar nas grandes periferias das maiores cidades brasileiras (FELTRAN et al, 2022;HIRATA;GRILLO, 2019;MACHADO, 2019;MELO;PAIVA, 2021;BARROS, 2019). A maneira diversa pela qual as medidas de ação pública visam à segurança interna no país tem de ser objeto de reflexão sobre a violência e os seus efeitos nos tecidos urbanos.…”

Navegar é preciso: As jornadas da cocaína e a expansão das facções pelo Brasil

“…Nossa pesquisa tem mostrado uma crescente expansão de facções nacionais para essas regiões, sobretudo do Primeiro Comando da Capital (pcc) e do Comando Vermelho (cv). Nos últimos dez anos, a literatura tem chamado a atenção para esse fenômeno (Candotti;Cunha;Siqueira, 2017;Feltran, 2018;Couto, 2020;Lessing;Willis, 2019;Manso;Dias, 2018;Paiva, 2021;Rodrigues, 2020), porém ainda se sabe pouco sobre os modos práticos dessa expansão. O que se sabe, contudo, é que essa expansão se dá de maneira diferente entre as facções.…”

O Sistema Penitenciário Federal: sobre sujeitos, trânsitos e punição

“…Neste sentido, as prisões além de corresponderem ao lócus originário destes grupos, também têm ressignificado o cenário em que se produzem sociabilidades e relações que permeiam a experiência do "puxar cadeia". Do mesmo modo, as interações e dinâmicas estabelecidas pelas facções criminosas, nesses contextos, levaram à produção de novas configurações sociais, que transpuseram seus limites físicos, projetando-se para além dos muros prisionais (Feltran, 2011;Barbosa, 2013;Dias, 2013;Hirata, Grillo, 2017;Melo, Paiva, 2021).…”