A discriminação social da mulher, ao longo de séculos, ainda hoje ecoa nas sociedades contemporâneas. A alteração do estatuto da mulher, agora com acesso à educação e ao emprego, não bastou para findar a construção de pressupostos de desigualdade social entre homens e mulheres. Embora o princípio de igualdade esteja legalmente estabelecido, as mulheres continuam sub-representadas nas posições de tomada de decisões. O fenómeno ganha maior significado quando consideramos profissões altamente feminizadas, como é o caso da profissão docente. À semelhança do que ocorre na esfera doméstica, a mulher acaba por desempenhar um papel secundário, contrastando com o protagonismo do homem. O trabalho de investigação desenvolvido pretende conhecer algumas das representações e conceções que os docentes têm do género e qual a sua influência na eleição dos Conselhos Executivos, órgãos colegiais eleitos pelos membros da comunidade educativa. O enfoque segundo a condição social da mulher, percorrendo a trajetória histórica da relação da mulher com a família e o trabalho, permitiu uma visão geral da forma como os domínios público e privado interferem no acesso das mulheres a cargos de gestão das escolas. Num espaço que se diz, e que se quer, democrático, é pertinente que se percebam, pois, quais os fatores que perpetuam a hierarquização social entre homens e mulheres. A nossa abordagem incidiu sobre as dimensões da problemática em contexto escolar, nomeadamente a organização, o género e a liderança, com as quais construímos o quadro teórico que sustentou a investigação. O estudo realizado junto dos docentes socorreu-se de uma metodologia quantitativa e qualitativa, através da qual procurámos compreender o modo como os professores percecionam o género e até que ponto este é preponderante na escolha de quem está à frente das escolas.