O presente artigo tem como principal objetivo apresentar e discutir alguns impactos da filosofia pós-moderna sobre a possibilidade do conhecimento histórico. Para tal, considerará que o paradigma pós-moderno tornou-se um referencial terórico-conceitual cuja relevância nao pode mais ser negada pela comunidade de historiadores profissionais. Serão abordados, de forma mais sistemática, dois aspectos fundamentais: a insuficiência de uma auto-reflexão histórica por parte dos pós-modernos e a negação da capacidade da disciplina histórica de oferecer análises e sínteses de caráter globalizante. Por fim, procurar-se-á defender a idéia de uma história racional, cujos métodos e procedimentos empíricos apontam na direção da possibilidade epistemológica de sínteses explicativas.
Como e se a pandemia do coronavírus provocou uma mudança nas temporalidades que atravessam nosso cotidiano é o que este artigo se propõe analisar. Colocada sob o signo de uma urgência, que nos levou em poucos dias até o "estado de emergência sanitária”, a suspensão das atitudes corporais ordinárias (perigosas) e sua substituição por outras (todas, por sua vez, defensivas e protetivas) deveriam operar, como é normal no regime presentista, instantaneamente ou quase. Desde Hipócrates, cabe à medicina reconhecer que a doença tem, ela também, uma temporalidade própria. Sob a desordem aparente da doença, há de fato uma ordem que identifica o olho treinado do médico: uma ordem do tempo. O tempo da pandemia conduziu à instauração de um tempo novo, aquele do confinamento: tempo sanitário, já que o confinamento é o único instrumento à nossa disposição, diz a medicina, para retardar, frear a progressão do vírus, para que a curva exponencial cesse sua implacável ascensão. Nesse ponto, surgem inevitáveis conflitos de temporalidades que pedem arbitragens. A questão da nomeação do acontecimento é central. Epidemia, pandemia, sim, mas nós ficamos na esfera da medicina. A questão é saber se a grande crise que atravessa o mundo é uma oportunidade, um kairos, que, interrompendo as temporalidades habituais do tempo chronos, poderia abrirse sobre um novo tempo.
Como certos passados, sistematicamente escrutinados pelos historiadores, amplamente debatidos e largamente documentados, podem ser simplesmente negados ou apresentados como invenções motivadas por interesses escusos? O que leva grupos e indivíduos a duvidarem da existência do Holocausto, da ditadura militar brasileira, dos incontáveis genocídios ao redor do mundo ou da escravidão que, ao longo de mais de três séculos, moldou as formas sociais do capitalismo moderno? Quais são as operações intelectuais, afetivas, políticas e ideológicas que envolvem e inscrevem os desafios e interrogações lançados pelos negacionismos à história, como conhecimento organizado do passado, aos seus usos políticos, apropriações e condições de produção da verdade?Estas questões estiveram nas origens deste dossiê e agora são aprofundadas pelos artigos que o compõem. Eles apresentam um arco diversificado de reflexões acerca das variadas formas de visibilidade do negacionismo e do revisionismo ideológico no espaço público, bem como se propõem a pensar o papel da escrita da história e dos historiadores em seu enfrentamento. Evidentemente, explorar todas as respostas possíveis para as perguntas anteriores nos
Ao longo de todo o período imperial, o gênero biográfico exerceu um expressivo papel na operação historiográfica do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), cujos sócios viam nas narrativas dos indivíduos ilustres não apenas guias exemplares para o presente e para o futuro, mas também uma modalidade de preservação do que era considerado relevante no passado nacional. Esses objetivos se alteraram sensivelmente com o advento do regime republicano? A queda da Monarquia redefiniu o estatuto do gênero biográfico entre os sócios da velha instituição? O presente artigo, ao analisar uma parte da produção biográfica do IHGB, nas duas primeiras décadas republicanas, tem como principal objetivo responder a essas questões.
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