Como e se a pandemia do coronavírus provocou uma mudança nas temporalidades que atravessam nosso cotidiano é o que este artigo se propõe analisar. Colocada sob o signo de uma urgência, que nos levou em poucos dias até o "estado de emergência sanitária”, a suspensão das atitudes corporais ordinárias (perigosas) e sua substituição por outras (todas, por sua vez, defensivas e protetivas) deveriam operar, como é normal no regime presentista, instantaneamente ou quase. Desde Hipócrates, cabe à medicina reconhecer que a doença tem, ela também, uma temporalidade própria. Sob a desordem aparente da doença, há de fato uma ordem que identifica o olho treinado do médico: uma ordem do tempo. O tempo da pandemia conduziu à instauração de um tempo novo, aquele do confinamento: tempo sanitário, já que o confinamento é o único instrumento à nossa disposição, diz a medicina, para retardar, frear a progressão do vírus, para que a curva exponencial cesse sua implacável ascensão. Nesse ponto, surgem inevitáveis conflitos de temporalidades que pedem arbitragens. A questão da nomeação do acontecimento é central. Epidemia, pandemia, sim, mas nós ficamos na esfera da medicina. A questão é saber se a grande crise que atravessa o mundo é uma oportunidade, um kairos, que, interrompendo as temporalidades habituais do tempo chronos, poderia abrirse sobre um novo tempo.
Estou pequeno, inútil, bicho da terra, derrotado. No entanto eu sou maior... Eu sinto uma grandeza infatigável! Eu sou maior que os vermes e todos os animais. E todos os vegetais. E os vulcões vivos e os oceanos, Maior... Maior que a multidão do rio acorrentado, Maior que a estrela, maior que os adjetivos, Sou homem! vencedor das mortes, bem-nascido além dos dias, Transfigurado além das profecias! Eu recuso a paciência, o boi morreu, eu recuso a esperança. Eu me acho tão cansado em meu furor. As águas apenas murmuram hostis, água vil mas turrona [paulista Que sobe e se espraia, levando as auroras represadas Para o peito dos sofrimentos dos homens. ... e tudo é noite. Sob o arco admirável Da Ponte das Bandeiras, morta, dissoluta, fraca, Uma lágrima apenas, uma lágrima, Eu sigo alga escusa nas águas do meu Tietê. Mário de Andrade, "Meditação sobre o Tietê" 8 RESUMO Neste trabalho temos por objetivo analisar a relação de ruptura e continuidade da obra do escritor Mário de Andrade (1893-1945) com a tradição do romantismo brasileiro. Para isto, selecionamos textos da primeira metade do século XX, escritos por ele e por outras importantes personalidades, que têm como escopo crítico o romantismo no Brasil. Na esteira desses textos, buscaremos localizar os escritos de Mario de Andrade sobre o romantismo, visando estruturar um pequeno panorama no qual possamos apreender seu pensamento dentro dos campos literário, artístico e político nacionais. Neste sentido, procuramos entender a relação de aproveitamento e de recriação do projeto romântico brasileiro na obra do autor de Macunaíma, por meio de um movimento de retomada do legado deixado pelo nosso romantismo, especialmente, na figura de José de Alencar. Em vista disso, faremos uso dos conceitos de tradição, imaginário e consciência histórica nacional como alicerces orientadores dessa leitura. Esses articuladores oferecem, por sua vez, uma abordagem transversal no estudo literário de um recorte sincrônico (1922-1945) do metadiscurso brasileiro. Palavras-chave: Mário de Andrade, romantismo brasileiro, tradição, imaginário e consciência histórica nacional 9 ABSTRACT This work has as a goal analyses the relation of rupture and continuity the work of writer Mário de Andrade (1893-1945) with the tradition of Brazilian romanticism. For this we selected texts from the first half of the twentieth century, written by him and by others important personalities that have as critic scope the Brazilian romanticism. In the wake of these texts we will try to localize the Mário de Andrade"s writings about the romanticism aimed at designing a small panorama in which we can apprehend his thought within the literary, artistic and political national fields. According to this we try to understand the relationship of exploitation and recriation the romantic Brazilian project in the work of the author of Macunaíma, through a movement of retaking of legacy left by our romanticism, specially, by the figure of José de Alencar. In this way we will make use of the concepts of tradition, imaginary and ...
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