A ideia de uma Saúde Comunitária aparece de maneira imprecisa e polissêmica nos discursos e práti-cas de saúde, tanto no Brasil como em outros países da América Latina, tornando-se necessária uma clarificação desse conceito. Alguns estudos adotam o termo saúde comunitária sem contextualizá-lo, ficando subtendido que se trata de um serviço ou uma prática de profissionais de saúde realizada em comunidades.As concepções de profissionais que se identificam como atuantes na saúde comunitária também são polissêmicas. Juarez (2015), a partir de uma pesquisa realizada na Argentina junto a médicos pediatras da Atenção Primária, mostra que, apesar dos avanços na compreensão da proposta libertadora da Saúde Comunitária, muitos dos participantes consideram que o papel do médico nessa perspectiva abrange a consulta individual, o diagnóstico e o acompanhamento da evolução dos pacientes. Além disso, consideram que o poder de decisão sobre a gestão da saúde está nas mãos de profissionais e do poder público, desconsiderando o protagonismo das comunidades. Trata-se, portanto, de um modelo de atenção que, embora realizada na comunidade, continua centrada na doença e no nível biológico da saúde.A teoria e a prática da Psicologia Comunitária contribuem para a construção da Saúde Comunitária (Góis, 2008), que tem a comunidade como o principal ator. Nesse sentido, Saforcada (2008) destaca que a Saúde Comunitária diferencia-se dos outros modelos por ter surgido a partir das comunidades, mais especificamente das populações excluídas e marginalizadas e tem emergido no âmbito profissional e acadêmico principalmente mediante trabalhos de psicólogos nas comunidades em situação de pobreza. Góis (2008) ResumoO objetivo é discutir as relações entre Saúde Comunitária e Psicologia Comunitária na perspectiva dos processos de participação e de libertação que contribuem na construção de metodologias participativas. Essas áreas compartilham valores e práticas que possuem como princípios a libertação e a participação, que contribuem na construção de espaços que rompam com os processos de opressão. A comunidade é o principal ator e o foco está mais nos processos de saúde que nos processos de doença. As metodologias participativas presentes na caminhada comunitária, na visita domiciliar e no círculo de cultura propiciam uma prática condizente com esses princípios. O envolvimento dos profissionais de saúde e dos moradores das comunidades favorece processos de saúde e de autonomia.Palavras chave: saúde comunitária; psicologia comunitária; participação; libertação; metodologia. AbstractThe purpose of this article is to discuss the relationships between Community Health and Community Psychology into perspective of participation and the liberation processes and their contribution in the construction of participative methodologies. Both areas share values and practices that have liberation and participation as principles that contribute in the construction of spaces that break with the processes of oppression. The community is the main actor and the focus i...
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre o sentimento de comunidade e a pobreza rural em três municípios, sendo um do Nordeste, um do Norte e outro do Sul do Brasil. A pesquisa, de caráter quantitativo, contou com a participação de 1.113 sujeitos, que responderam a questionários compostos por um instrumento de Pobreza Multidimensional e pelo Índice de Sentimento de Comunidade. Foram realizadas análises estatísticas: Teste T, Anova, Teste de Correlação de Pearson e Estatísticas Descritivas. O sentimento de comunidade esteve presente de forma moderada/alta nos municípios P (Nordeste) e C (Sul) e de forma moderada/baixa no Município H (Norte). O fator Filiação do Sentimento de Comunidade, relacionado à vinculação das pessoas com a comunidade e ao sentimento de fazer parte do grupo, apresentou as maiores médias nos três municípios e na amostra geral, seguido pelo fator Ligações Emocionais Compartilhadas. Na análise das dimensões presentes na pobreza multidimensional, as três dimensões Trabalho/Renda, Subjetiva e Saúde foram as que apresentaram correlação significativa e negativa com o sentimento de comunidade. Na amostra geral, os seus resultados apontam para uma correlação negativa entre sentimento de comunidade e pobreza multidimensional. Diante dessa constatação, ao analisar o sentimento de comunidade, é importante incorporar esses dimensões da pobreza multidimensional, a fim de compreender melhor o impacto da pobreza na vida das pessoas.
<p>Este artigo problematiza o uso dos conceitos “social” e “cultural”, apensos à Psicologia, como categorias teóricas centrais para pensar implicações que decorrem dos diversos significados que eles podem assumir nas práticas psicológicas. Trazemos questões que versam sobre a relação desses conceitos na teoria histórico-cultural, já que concepções diferentes têm reverberado historicamente na tessitura da práxis psicológica. É um estudo bibliográfico no qual tratamos do significado que autores contemporâneos atribuem às categorias “social” e “cultural” e tecemos relações entre essas ideias e a construção teórico-metodológica proposta por Vygotsky. Observamos que a ligação entre tais categorias se faz principalmente pela compreensão da dimensão histórica, uma vez que é a história que faz surgir, no social, a construção da cultura. Este estudo se faz relevante por trazer elementos úteis para problematização e compreensão mais consistente dos termos “social” e “cultural” e das práxis a eles associadas.</p>
O objetivo deste estudo é discutir sobre a saúde mental dos profissionais da educação, de duas escolas da rede pública, da cidade de Iguatu-CE, frente os desafios encontrados durante a pandemia da COVID-19, com a adoção do ensino remoto emergencial (ERE). A metodologia foi exploratória e descritiva, com uso de questionários aplicados com professores. Dentre os resultados, identificou-se os principais sintomas de esgotamento emocional relatados pelos docentes foram medo de lidar com o desconhecido, insegurança, insatisfação e ansiedade por ter que se adaptar a uma nova rotina. A relação trabalho e família, a necessidade de adaptação rápida e contínua, a centralidade do conteúdo e o ensino para as famílias que se tornam avaliadores da prática docente também pode causar fadiga. Quanto a utilização de ferramentas digitais, todos (as) os (as) professores (as) relataram que tiveram dificuldades para a adaptação as novas tecnologias. Uma das maiores preocupações dos (as) professores (as) também incluiu a defasagem na aprendizagem dos alunos, pois grande parte desses estudantes não tinham acesso à internet, não participavam das aulas remotas por diversos motivos. Concluímos reafirmando a importância de se pensar sobre ações que promovam saúde mental do professor, nesses novos tempos que ainda exigem adaptação e reinvenção.
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