Neste trabalho analiso a situação sociolinguística de aldeias indígenas Galibi-Marworno (Kumarumã e Tukay) e Karipuna (Manga e Santa Isabel) referente ao bilinguismo social dos falantes de Kheuól e Português Brasileiro Indígena. O objetivo geral desta pesquisa é descrever e analisar brevemente as respostas de duas perguntas do Questionário Sociolinguístico do projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas Brasileiras (CABRAL et al., 2015), sendo elas: “Como aprendeu a falar Kheuól/Português?” e “Com quem você fala Kheuól/Português?”. Observou-se que línguas kheuól e português são presentes nas quatro aldeias pesquisadas. No cotidiano dos falantes Galibi-Marworno a língua mais “forte” é o kheuól, tendo em vista que as ações cotidianas são todas feitas na língua indígena, já o português é reservado apenas quando há contato com não indígenas. Para os Karipuna entrevistados, a língua mais utilizada no cotidiano é o português, sendo que o kheuól é mais falado na escola e em eventos religiosos, principalmente com as pessoas mais velhas da família.
O Kheuól do Uaçá é uma língua indígena ameaçada falada e compartilhada por dois povos de origens bastante distintas, os Karipuna e Galibi-Marworno, que habitam Terra Indígena do Uaçá, situada no município de Oiapoque, Estado do Amapá, na fronteira franco-brasileira. O Kheuól do Uaçá deriva do guianense, língua que surgiu em Caiena, atual Guiana Francesa, no contexto colonial dos séculos XVII-XVIII, a partir do francês (Carvalho, 2020; Santos, M.; Silva, G. 2020; Lüpke et al, 2020, Silva, G. 2021). Consolidou-se como língua franca de uma região com fronteira disputada por quase duzentos anos entre Portugal (posteriormente Brasil) e França, de 1713 até 1900. No século XX, com a consolidação da fronteira norte brasileira, firmou-se como língua de identidade desses dois povos (Silva, G. 2021). O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais do processo de construção do Dicionário Online do Kheuól do Uaçá (DOKH), um dos subprojetos do Projeto de Documentação de Línguas do Museu do Índio (FUNAI/UNESCO). A produção do DOKH, nas variedades Karipuna e Galibi-Marworno, insere-se no contexto de revitalização linguística operado nos últimos anos por professores indígenas dos dois povos, que inclui a formação de pesquisadores indígenas em nível de graduação e pós-graduação (mestrado) em métodos e técnicas de Documentação Linguística voltados para a produção de materiais didáticos e paradidáticos em Kheuól (Gippert et al., 2006; Moore et al., 2016: Santos, M.; Silva, G. 2020; Forte, 2021; Silv, J., 2022; ). A confecção do DOKH, aplica como metodologia uma abordagem participativa e formativa voltada pata a autonomia (Denzon et al. 2008; Stenzel, 2014; Franchetto, 2017; Smith, 2021). O trabalho buscará refletir sobre os impactos desse processo na revitalização, documentação e descrição dessa língua.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.