This article explores and compares multilingualism in small-scale societies of Western Africa and Lowland South America. All are characterized by complex and extensive multilingual practices and regional exchange systems established before the onset of globalization and its varying impacts. Through overviews of the general historical and organizational features of regions, vignette case studies, and a discussion of transformative processes affecting them, we show that small-scale multilingual societies present challenges to existing theorization of language as well 2 as approaches to language description and documentation. We aim to bring these societies and issues to the fore, promoting discussion within a broader audience.
A língua de sinais ka'apor não tem nenhuma palavra que denote uma cor específica. Somando-se a esse fato, aparentemente curioso, há outro ainda mais revelador e ao que parece contraditório: há um sinal que designa a ideia genérica de cor. Isso não é tudo. O sinal cor é também usado na gesticulação que acompanha a língua ka'apor falada, a qual não apresenta um item lexical que designe o conceito de cor. Portanto, o ka'apor falado apresenta um gesto para a ideia genérica de cor e itens lexicais da fala que são termos para cores específicas. Partindo desses dados, retomo uma discussão geral sobre a semântica das cores específicas, argumentando que esse não é um domínio fundamental das línguas humanas (Wierzbicka 2008). Além disso, argumento que a modalidade gestual, embora seja um canal visual, é rebelde à referência de cores: as línguas de sinais, por isso, não se adequam à ideia de termos básicos para cores, tal como formulada por Berlin e Kay (1969). Cito aqui o caso da Libras, da língua de sinais do povo yolŋu e da língua de sinais de Top Hill. Por fim, observo que se a língua de sinais ka'apor ignora os termos específicos para cores, o pensamento mítico ka'apor, conhecido por surdos e ouvintes, conceptualiza o excesso de cores como algo maléfico – fato este já demonstrado pela análise comparativa de mitos (Lévi-Strauss 1964). O presente artigo é uma revisão e continuação do trabalho de Ferreira e Siqueira (1985) que compararam a língua de sinais do povo ka’apor com a Libras.
Este artigo descreve os principais contrastes da distinção contável/massivo dos nomes no kheuól do Uaçá. O kheuól do Uaçá é uma língua crioula de base francesa falada por dois povos indígenas distintos, Karipuna e Galibi-Marworno, que compartilham o mesmo território (Terras Indígenas do Uaçá e Juminã) em Oiapoque, Amapá, Brasil, na fronteira com a Guiana Francesa. Ambas as variedades do kheuól do Uaçá são subdocumentadas, principalmente a Galibi-Marworno descrita neste artigo. Quase todos os nomes combinam-se com numerais (kwak ‘farinha’ é a única exceção); quase todos os quantificadores e modificadores de quantidade não mostram restrições na combinação com nomes nocionalmente contáveis e massivos (un de thoa ‘alguns, uns’ se combina somente com nomes nocionalmente contáveis); e todos os nomes podem ser pluralizados com o artigo definido plural -iela. Considerando que quase todos os nomes podem ser contados, o contraste relevante está presente na capacidade de nomes nocionalmente massivos serem abertos para denotações unbounded. Esta capacidade pode ser capturada pelo fato de nomes nocionalmente massivos recuperarem a terceira pessoa do singular i/li como anáfora para nomes sortal em contextos de nominais nus (neutros para número); por outro lado, nomes nocionalmente contáveis recuperam a terceira pessoa do plural ie como anáfora nos mesmos contextos.
Este artigo tem como objetivo apresentar aspectos da distribuição sintática da categoria lexical de adjetivos em kheuól do Uaçá, língua indígena falada pelos povos Karipuna e Galibi-Marworno na fronteira franco-brasileira no município de Oiapoque, Amapá, Brasil. Para estabelecermos o contraste com outras categorias lexicais, observamos o comportamento de adjetivos em relação à sua ordem de ocorrência e em construções comparativas. Em kheuól, somente adjetivos podem preceder nomes em sintagmas determinantes encabeçados pelo indefinido un ‘um’, verbos e particípios não podem. Somente verbos podem ser seguidos de plis ki ‘mais que’ em comparativas, adjetivos e particípios devem ser precedidos por pi ‘mais’. Apesar de particípios ocorrerem como complemento de pi (como adjetivos), não podem preceder nomes em sintagmas encabeçados pelo indefinido un ‘um’ (adjetivos podem). Interpretamos, estruturalmente, particípios como adjetivos deverbais. Usamos o termo ‘particípio’ apenas como um rótulo descritivo. Buscamos com este trabalho inaugural contribuir preliminarmente para o entendimento das propriedades sintáticas definidoras da categoria lexical de adjetivos.
O Kheuól do Uaçá é uma língua indígena ameaçada falada e compartilhada por dois povos de origens bastante distintas, os Karipuna e Galibi-Marworno, que habitam Terra Indígena do Uaçá, situada no município de Oiapoque, Estado do Amapá, na fronteira franco-brasileira. O Kheuól do Uaçá deriva do guianense, língua que surgiu em Caiena, atual Guiana Francesa, no contexto colonial dos séculos XVII-XVIII, a partir do francês (Carvalho, 2020; Santos, M.; Silva, G. 2020; Lüpke et al, 2020, Silva, G. 2021). Consolidou-se como língua franca de uma região com fronteira disputada por quase duzentos anos entre Portugal (posteriormente Brasil) e França, de 1713 até 1900. No século XX, com a consolidação da fronteira norte brasileira, firmou-se como língua de identidade desses dois povos (Silva, G. 2021). O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais do processo de construção do Dicionário Online do Kheuól do Uaçá (DOKH), um dos subprojetos do Projeto de Documentação de Línguas do Museu do Índio (FUNAI/UNESCO). A produção do DOKH, nas variedades Karipuna e Galibi-Marworno, insere-se no contexto de revitalização linguística operado nos últimos anos por professores indígenas dos dois povos, que inclui a formação de pesquisadores indígenas em nível de graduação e pós-graduação (mestrado) em métodos e técnicas de Documentação Linguística voltados para a produção de materiais didáticos e paradidáticos em Kheuól (Gippert et al., 2006; Moore et al., 2016: Santos, M.; Silva, G. 2020; Forte, 2021; Silv, J., 2022; ). A confecção do DOKH, aplica como metodologia uma abordagem participativa e formativa voltada pata a autonomia (Denzon et al. 2008; Stenzel, 2014; Franchetto, 2017; Smith, 2021). O trabalho buscará refletir sobre os impactos desse processo na revitalização, documentação e descrição dessa língua.
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