Baseando-se no processo em curso de uma investigação-ação em colaboração com jovens de bairros periféricos da cidade do Porto (Portugal), este artigo apresenta resultados de um conjunto de sessões de cocriação musical e teatral, dinamizadas com dois grupos. Esta pesquisa colaborativa busca refletir e debater o pressuposto que tem prevalecido na sociedade de que os jovens não participam politicamente, bem como procura compreender como é que esses grupos em particular poderão construir a sua cidadania na relação com os seus pares e a sua cidade. São analisados espaços de diálogo, interação social e produção criativa e artística, que sugerem a necessidade destas pessoas jovens se expressarem e serem ouvidas. Considerando as potencialidades emancipatórias do Teatro do Oprimido e da Música, um dos desafios deste estudo é envolver esses jovens como atores e cocriadores na pesquisa sobre a sua realidade e sobre o que os preocupa enquanto jovens cidadãos e cidadãs. Palavras-chave: Jovens. Cidadania. Investigação Colaborativa. * O presente artigo baseia-se no trabalho em curso de um projeto de investigação desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral em Ciências da Educação, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Este projeto é financiado pela FCT-Fundação para a Ciência e a Tecnologia, através de uma bolsa de doutoramento com a Ref.ª SFRH/BD/132196/2017.
O presente artigo tem como objetivo trazer ao palco do debate direitos de cidadania ativista de jovens. Para isso, apresenta argumentos que desmontam pressupostos que desconsideram e desqualificam as pessoas jovens, sobretudo as menores de 18 anos, enquanto cidadãs ativas e capazes de se envolver em causas comuns, criar propostas e participar em processos de tomada de decisão. O cenário é o de uma investigação participativa com base em métodos artísticos e orientada para a ação, em que jovens entre os 14 e os 17 anos do grupo de pesquisa participaram na Greve Climática Estudantil que aconteceu no Porto em maio e setembro de 2019. Desencadeada pela jovem ativista Greta Thunberg, esta mobilização internacional de jovens pela justiça ambiental e social foi um dos palcos onde foram observadas e analisadas práticas participativas do grupo. Esta experiência evidenciou desejos de liberdade e a necessidade destas pessoas jovens se expressarem, serem vistas, ouvidas e consideradas na gestão de assuntos que as afetam direta ou indiretamente, portanto, de exercerem cidadania. Simultaneamente, revelou-se a necessidade de compreensão das limitações às estruturas de acesso e oportunidade de participação como exercício de cidadania, do reconhecimento de formas e contextos plurais de expressão e participação jovem.
Recebido: 14/5/2021
Aceite: 6/12/2021
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