O trabalho compara a legislação urbanística e sua espacialização em edifícios com térreo livre, para São Paulo, Brasil, e Nova Iorque, EUA, em períodos concomitantes. A partir de 1930, com o Plano de Avenidas de Prestes Maia, obras viárias em São Paulo impulsionaram a produção imobiliária no centro novo, construindo-se edifícios com galerias ou com programas multifuncionais com uso comercial nos térreos livres. A contrapartida do poder público à verticalização dos edifícios desejada pelo mercado imobiliário foi a legislação estudada. Esse modelo alastrou-se nas áreas da Paulista e Faria Lima. No caso de Nova Iorque, após 1960, sobretudo no Downtown e no Midtown, a legislação incentivou a construção de áreas de transição entre espaços públicos e privados, inicialmente como áreas abertas denominadas plazas ou cobertas denominadas arcades. A comparação mostra que, em Nova Iorque, há quantidade considerável desses espaços, que não se articulam com intervenções urbanísticas viárias, enquanto em São Paulo, as obras viárias serviram para produção de certo número de passagens e galerias. Em ambos os casos os benefícios à permeabilidade e à conectividade do tecido urbano são relevantes

Para além de suas características estruturais e formais, o pórtico foi um elemento importante no urbanismo greco-romano, usado como transição entre os espaços livres e edificados, conectando o tecido urbano e criando áreas de sociabilidadede uso público. Seu uso atingiu o ápice no Império Romano, que o disseminou sistematicamente em todo o seu domínio, com finalidade, técnica e materiais diversificados, tornando-se um elemento fundamental do urbanismo. Dessa forma, a partirde estudo de referencial teórico predominante no campo da história do urbanismo e algumas visitas in loco, busca-se apresentar um quadro de referências sobre os distintos tipos de utilização e funções dos pórticos no espaço urbano, assim como dos responsáveis por suas construções e do processo de disseminação por todo o território do Império Romano. Esse elemento arquitetônico assentou raízes no urbanismo ocidental e permanece, até os dias atuais, oferecendo aos cidadãos espaços de transição entre o interior e o exterior das edificações, conectando logradouros e proporcionando áreas especiais de fruição da vida urbana.