No Brasil, o trabalho com intérpretes em Língua Brasileira de Sinais iniciou-se nos anos 80 e pode, dessa forma, ser considerado recente, assim como também é recente a legitimidade da sua importância que ainda está em processo de consolidação. A presente pesquisa tem como principal objetivo discutir e explicitar questões relativas ao trabalho de intérpretes de língua de sinais em uma universidade e dois centros universitários particulares da cidade de Curitiba. Para isto foram aplicados dois questionários para dois grupos distintos, um voltado para os intérpretes que atuam em universidades da cidade de Curitiba, e outro voltado para os surdos universitários que possuem intérpretes em sala de aula. Ambos os questionários continham questões abertas e fechadas. De acordo com as análises dos dados, constatou-se a importância dos intérpretes em sala de aula para o processo de aprendizagem dos estudantes surdos. Contudo, verificou-se também uma série de questões que subjaze a discussão sobre a efetividade no contexto da interpretação, tais como: qualidade na formação dos intérpretes, conhecimento antecipado da disciplina para a tradução, dificuldade na relação Língua Portuguesa/LIBRAS, relação intérprete/professor, dentre outras. A partir dessas considerações, vemos que, no cenário da educação dos surdos brasileiros, essas questões apenas refletem o descaso das autoridades com relação à educação dessa população, assim como evidenciam as dificuldades lingüísticas e sociais relativas à surdez. Esse trabalho apresenta-se, nessa direção, como o início de uma reflexão sobre o contexto do intérprete universitário, porém, muito ainda precisa ser entendido para que mudanças mais efetivas possam ser realizadas.
TEMA: linguagem escrita e subjetividade no grupo fonoaudiológico. PROCEDIMENTOS: este relato de caso tem por objetivo analisar como sujeitos, que participam de um grupo fonoaudiológico, significam suas histórias com a linguagem escrita e como tal grupo pode constituir-se como um espaço para a ressignificação de tais histórias. O material do estudo clínico foi coletado a partir do atendimento grupal envolvendo nove adolescentes, inseridos no Ensino Fundamental da Rede Pública de Curitiba, encaminhados pela escola para tratamento fonoaudiológico, com queixa de distúrbio de leitura e escrita. Tal atendimento foi realizado, durante um ano, na Clínica Fonoaudiológica da Universidade Tuiuti do Paraná. Os encontros eram semanais, com duração de duas horas, totalizando 48 sessões. A coleta de dados foi realizada a partir de vídeo-gravações e do registro diário das sessões. Foram selecionados seis episódios considerados significativos para a análise da temática. RESULTADOS: a pesquisa indicou que os sujeitos estabeleciam uma relação de sofrimento com a escrita a partir da qual assumiam uma posição de incompetência em ler e escrever. A partir do processo terapêutico foi possível ressignificar as relações dos adolescentes com essa modalidade de linguagem, de forma que puderam assumir diferentes posições e um lugar de autoria e de interlocutor capaz. CONCLUSÃO: o grupo fonoaudiológico construiu-se como um espaço de troca para que os sujeitos estabelecessem uma relação significativa com a leitura e a escrita, propiciando condições fundamentais para a ressignificação dos sintomas e para a interação com diversos textos escritos, promovendo, assim, mudanças na relação do sujeito com sua linguagem.
Levando em consideração o número restrito de trabalhos quese propõem a analisar as produções textuais de sujeitos surdose, também, o fato de que há poucas pesquisas envolvidas como conhecimento que tais sujeitos têm sobre a compreensão e aprodução de textos, o objetivo desta investigação é analisardezesseis produções escritas por quatro sujeitos surdos à luzdo conceito de referenciação, como proposto recentemente pela lingüística textual. Convém ressaltar que a progressãoreferencial, ou referenciação é um dos aspectos da textualidadecapaz de conferir estabilidade e continuidade ao texto, sendofator relevante para a coerência discursiva. O resultado daanálise das produções textuais que compõem este estudo mostra que os surdos constroem textos usando estratégias dereferenciação e que, por meio das trocas interacionais com uminterlocutor conhecedor da Língua Portuguesa, eles podemaprender a usar os recursos expressivos disponíveis nessa língua.
Liziane Ghislandi AE RESUMO. A hipomelanose de Ito caracteriza-se por manchas hipossegmentadas decorrentes de uma rara alteração na mielinização que pode ocasionar seqüelas neurológicas como déficit cognitivo, macrocelafia e epilepsia. O objetivo deste trabalho é analisar as características da linguagem escrita de um sujeito portador dessa alteração. Para tanto, nosso estudo se pauta em uma abordagem que toma a linguagem como atividade constitutiva. O resultado de nossas análises demonstrou que a aquisição da escrita do sujeito dessa pesquisa coincide com o processo previsível de desenvolvimento da linguagem, apesar dos déficits neurológicos que ele apresenta. Palavras-chave: hipomelanose de Ito, linguagem, escrita. ANALYSIS OF WRITING OF A CHILD WITH ITO'S HYPOMELANOSIS ABSTRACT. Ito's hypomelanosis is characterized by hyposegmental spots caused by a rare alteration in the melanization that may cause neurological sequences such as cognitive deficiency, macrocephaly and epilepsy. Current analysis bases itself on the approach that considers language as a constitutive activity. Results show that the acquisition of the written language of the subject in current research coincides with the predictable development of the language process in spite of its neurological deficiencies.
ResumoO artigo discute a semiologia das afasias, que teve início no século XIX com Broca e Wernicke. Não é nosso objetivo fornecer uma lista exaustiva de sintomas e síndromes para tratar do tema, já que buscamos discutir criticamente por que a semiologia das afasias ainda se baseia principalmente em perspectivas orgânicas na prática clínica e na pesquisa científica. Também discutimos as contribuições de Luria e de Jakobson para uma melhor compreensão de como a linguagem está comprometida nas afasias e como a Lingüística Moderna, sobretudo a Neurolingüística Discursiva, pode iluminar o debate. Analisamos alguns dados para ilustrar os pressupostos teóricos e metodológicos das referidas abordagens e discutimos ainda o peso excessivo que as classificações têm no contexto clínico. Palavras-chave: Afasia; Semiologia; Neurolinguística; Terapia de fala; Clínica. AbstractThe article discusses the semiology of aphasias, which started being developed in the 19 th century by Broca and Wernicke. We do not provide an exhaustive list of symptoms and syndromes to address the theme, since we aim to critically discuss why the semiology of aphasias is still based mainly on organic perspectives in clinical practice and scientific research. We also discuss the contributions of Luria and Jakobson to a better understanding of how language is affected in aphasias and how Modern Linguistics, in special the Discursive Neurolinguistics, may enlighten the debate. We analyze some data to illustrate the theoretical and methodological assumptions of the above mentioned approaches and also discuss the excessive strength that classifications have in the clinical context. Keywords: Aphasia; Semiology; Neurologuistics; Speech therapy; Clinic.Elegemos a Neurolingüística Discursiva (doravante ND), neste artigo, como o "posto de observação" de onde nos colocamos para refletir e avaliar criticamente a semiologia das afasias e suas implicações no contexto clínico. O próprio termo "semiologia", embora geralmente usado no singular, abriga diferentes sistemas semiológicos, cada qual priorizando aspectos relacionados às ciências nas quais são originados. Esses sistemas, como veremos mais adiante, também se entrecruzam, revelando a busca de um equilíbrio entre as abordagens orgâ-nicas e as abordagens sociais de funções complexas como a linguagem humana.Porter (1997) afirma que o médico, até meados do sé-culo XVIII, ao se dispor a ouvir a história do paciente e a interpretar suas queixas, tentava formar uma idéia totalizante da doença, já que não possuía um conjunto de tecnologia de diagnose e nem o que o autor chama de "moeda lingüística certa para as trocas entre profissional e paciente". Em outras palavras, não era atribuído um nome à doença, que lhe permitisse compreendê-la. A preocupação com a terminologia nas ciências médicas tem origem nessa necessidade de se desenvolver um jargão técnico, mas que por outro lado servisse também para a comunicação -ou para a "descomunicação", segundo o autor -entre o médico e o paciente.Foucault (1998), em O Nasciment...
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