Neste artigo, exploro como Machado de Assis (1839-1908) articula, em Casa Velha (1885-1886), percepções relativas à experiência da historicidade e da escrita da história que tensionavam com as perspectivas vigentes na cultura de história no Brasil do século XIX. A intenção é abordar como a produção literária do escritor possibilita o diálogo com as reflexões contemporâneas nos campos da teoria e da história da historiografia que apontam para a (im)possibilidade de o passado passar, evidenciando a sua presença/ausência espectral. Nesse sentido, procuro explorar como se, por um lado, em Casa Velha, as figurações da historicidade e da escrita historiográfica pressupõem a crise do conceito moderno de história; por outro, apontam para a impossibilidade de uma ruptura completa, sendo a sua própria presença a condição para a imaginação literária. Por fim, reflito como o assombramento do passado em Casa Velha se conecta a outros escritos do autor e é análogo ao assombramento provocado por Machado na cultura de história brasileira contemporânea.
Reinhart Koselleck e a análise das metáforas: sobre as possibilidades para além do conceitual Resumo Este artigo explora -em diálogo com estudos recentes no âmbito da teoria da história e história intelectual, especialmente seguindo as perspectivas de Hans Ulrich Gumbrecht e Elías Palti -, os limites da história dos conceitos (Begriffsgeschichte) e a possibilidade da sua dinamização frente à abertura para a análise das metáforas. Pretendo compreender a especificidade da importância conferida por Reinhart Koselleck à análise das "metáforas espaciais" em seu projeto intelectual, diferenciando as perspectivas do autor das de Hans Blumenberg. Evidencio como Koselleck articulou a importância das metáforas em face à centralidade conferida à sua teoria da modernização. Por fim, a intenção será matizar a relevância das contribuições de Koselleck para os estudos historiográficos perante a necessidade da abertura para desafios que não se limitem ao conceitual, como colocado em destaque pela bibliografia especializada contemporânea.
d i s p u t a s p e l a h i s t ó r i a l i t e r á r i a d e P o r t u g a l e n t r e R o b e r t S o u t h e y e
J o ã o G u i l h e r m e C r i s t i a n o M ü l l e r T r a d u ç ã o e m d e b a t e :Robert Southey. S./d., fotografia (detalhe).
In this article we explore the British editorial project of the Universal History and its reception in the Lusophone world in the late eighteenth century. Focusing on the changes in the experience of history, we analyze how this project was designed to attend to the aspirations of an expanding readership and the rise of different temporal experiences existing in that world. We argued that these new expectations for a cosmopolitan view of the historical process couldn't emerge only from the boundaries of traditional narratives focused in rhetorical decorum and demands from the contemporary erudite scholarship in the academies. Lastly, we investigate how Antônio de Moraes Silva, a Luso-Brazilian man of letters, compiled and translated theHistory of Portugal from a French extended edition of theUniversal History . Our main intention was to show how this edition highlights the impossibility of establishing a uniform and harmonious representation of the historical process and events in a context of dissolution of the traditional functions of historical discourse.
Este artigo analisa as disputas pela história contemporânea de Portugal entre José Agostinho de Macedo e Hipólito da Costa, que escreveram capítulos alternativos sobre o reinado de D. Maria I em suas reedições da História de Portugal composta em inglês por uma sociedade de literatos, publicadas respectivamente em 1802 e 1809. Para tanto, será tematizado primeiramente as dinâmicas de compilação e tradução que possibilitaram a emergência da História de Portugal..., publicada pela primeira vez em 1788. Por fim, analisa-se como as polêmicas político-historiográficas desencadeadas evidenciam a aceleração do tempo histórico e a impossibilidade da redução da experiência da história de Portugal a narrativas homogeneizadoras em um contexto de crise.
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