Considerar a tradução literária como criação levanta, inicialmente, a imemorial questão da literalidade, que opõe fontistas e alvistas. Quando se traduz uma obra literária, o teorema da dicotomia evidencia a escolha a operar entre a superfície etnocultural (e linguística) do texto original e a estética literária que lhe pertence, e no seio da qual o ritmo é um aspecto dentre outros. Contudo, parece que a ênfase demasiada na lacuna intercultural é mais ou menos sobredeterminada por impensados ideológicos. Mas a criatividade literária da tradução é um desafio estético, e não ideológico. Dito isso, a própria ideia de criatividade é tendencialmente aporética embora esteja concretamente presente nas traduções de alta qualidade.
Madeleine de Scudéry (1607-1701) faz parte de um panteão de autoras francesas do século XVII ”“ Ninon de Lenclos (1620-1705), Madame de Sévigné (1626-1696), Madame de La Fayette (1634-1693), Madame d’Aulnoy (1651-1705), apenas para citar algumas ”“, que, apesar de terem deixado um vasto e importante legado literário, são ainda pouco conhecidas em solo brasileiro, já que boa parte de suas obras permanece inacessível a um público-leitor de língua portuguesa. Comentando a respeito do ofício do escritor, Rachel de Queiroz disse, em uma entrevista, que para cada escritor há uma razão diferente de escrever e completou: “no meu caso, num certo sentido é o desejo interior de dar um testemunho do meu tempo, da minha gente e principalmente de mim mesmo: eu existi, eu sou, eu pensei, eu senti, e eu queria que você soubesse”. Nesse sentido, retomando as palavras da escritora e tradutora nordestina, podemos então nos indagar se a tradução não seria uma forma de ouvir esses testemunhos de mulheres do passado, escritos silenciados ao longo da história, e, também, uma maneira de se (re)pensar o cânone literário, muitas vezes androcêntrico e excludente.
Nesta pesquisa, são analisadas acusticamente as produções de vogais nasais e de encontros consonantais em francês emitidos por seis brasileiros aprendizes do francês como língua estrangeira (FLE) (de diferentes regiões do Brasil e com experiência no ensino de francês) e de quatro franceses nativos (parisienses e não parisienses). Todos os informantes têm curso superior completo. Esta pesquisa desenvolveu-se sob os critérios do Projeto Interphonologie du Français Contemporain (IPFC), que visa sensibilizar a comunidade de educadores e aprendizes no que diz respeito às variações de pronúncia em francês. A partir de uma análise acústica detalhada, foram investigadas: (a) a qualidade das vogais nasais e (b) a presença de elementos vocálicos e de fenômenos de assimilação do francês nos encontros consonantais. Os resultados mostraram que a qualidade das vogais nasais vem mudando para o francês de Paris e essa produção é observada na pronúncia de brasileiros. Os elementos vocálicos em encontros consonantais tautossilábicos (consoante+róticos) foram observados somente quando a primeira consoante do encontro é vozeada (25% na produção de brasileiros e 33% na de franceses). Em encontros heterossilábicos, foram produzidas vogais epentéticas (15% na produção de brasileiros e 19% na produção de franceses). Foi observado ainda que as vogais epentéticas produzidas por brasileiros parecem ser mais longas do que as produzidas por franceses. Finalmente, é importante destacar a aplicação pedagógica desses resultados na identificação das dificuldades de aquisição do francês por aprendizes brasileiros.
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