Este artigo apresenta parte dos resultados de pesquisa sobre a experiência de formação interprofissional no eixo Trabalho em Saúde na Unifesp - campus Baixada Santista, Santos, SP, Brasil. As estratégias de ensino deste eixo têm como perspectiva expor os estudantes, desde o primeiro ano de graduação, a experiências de intervenção de cuidado que possibilitam o exercício crítico das dimensões envolvidas no trabalho em saúde. O objetivo do trabalho foi sistematizar, analisar e estabelecer estratégias de acompanhamento dessa formação. Foram utilizados diferentes instrumentos de coleta de dados, como grupos focais e entrevistas semiestruturadas, e as análises foram apresentadas e discutidas com os sujeitos envolvidos. Este artigo aborda as questões relacionadas à temática da experiência e produção de conhecimento, e os resultados indicam que a formação tem contribuído para a construção de um modo de atuar dos futuros profissionais que considera a complexidade do processo saúde-doença-cuidado.
Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar uma experiência de formação interprofissional que ocorre desde 2008, envolvendo estudantes do terceiro ano de graduação dos cursos de Educação Física, Nutrição, Psicologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional de uma universidade pública. Ao longo do semestre, equipes mistas de estudantes, supervisionadas por duplas de docentes, também de diferentes áreas profissionais, realizam atendimentos semanais e elaboram projetos de cuidado para pessoas/grupos selecionados por equipes dos serviços. A metodologia utilizada envolveu a produção de narrativas de situações marcantes vivenciadas por docentes nas atividades de ensino, das quais foram discernidas questões que têm se colocado nesta proposta de formação. A discussão de tais questões indicou as potencialidades de intervenções em comum e os desafios da supervisão docente para sustentar a experiência dos estudantes e possibilitar a constituição de uma clínica que valorize a perspectiva dos usuários.
O trabalho médico é central nos serviços de saúde, emuitos têm sido os desafios para a oferta de umatendimento de boa qualidade na atenção básica. Esse local de alta complexidade tecnológica exige, para responder às complexas necessidades individuais e coletivas de saúde, uma prática clínica ampliada e um trabalho de equipe. A prática médica hegemonicamente encontrada nesses serviços, no entanto, tem se traduzido numa atenção centrada em procedimentos, que pouco considera as diversas dimensões presentes no processo de adoecimento, com baixo compromisso dos profissionais pelo resultado final do trabalho. O Programa de Saúde da Família (PSF) propõe mudanças importantes na organização do trabalho médico com a utilização de generalistas. O objetivo desta investigação foi analisar potências e limites dessa proposta em alterar o padrão hegemônico da prática médica. Realizamos para tal um estudo de casos em unidades de dois projetos QUALIS (Zerbini e Santa Marcelina), modo como inicialmente se implantou o programa no município de São Paulo. Buscamos conhecer a realidade objetiva e subjetiva do trabalho médico nesses serviços e captar se essa proposta se traduzia numa nova forma de operar o trabalho. Utilizamos vários instrumentos para a coleta de dados (entrevistas, fluxograma analisador, observação de consultas, grupos de discussão e pesquisa documental) e realizamos uma triangulação metodológica e validação dos resultados encontrados com as equipes. A investigação ocorreu no período de junho de 2000 a dezembro de 2001. Constatamos que esse modelo de organização do trabalho possui arranjos tecnológicos - vinculação dos médicos a uma equipe e a uma população, espaços de discussão do trabalho, visitas domiciliares, entre outros - com potencialidade para aumentar o envolvimento, o compromisso e a responsabilização dos médicos. Porém os limites encontrados foram importantes. A organização do trabalho permanecia ainda bastante centrada na oferta de assistência médica individual. As consultas expressavam dificuldades de uma abordagem clínica ampliada, estando predominantemente centradas na dimensão biológica do adoecer. Apesar de diferenças entre os projetos QUALIS, a capacitação e o apoio ao trabalho mostravam-se insuficientes para os profissionais responderem às diversas demandas clínicas e para a abordagem das necessidades de saúde nas suas múltiplas dimensões, apontando o risco de uma simplificação da atenção. O elevado número de famílias também se revelava um limite importante para responder às necessidades de saúde da população adscrita. Os médicos estavam submetidos a uma grande carga quantitativa e qualitativa de trabalho, com dificuldades de retaguarda dos demais níveis de atenção. O trabalho nas ESFs se apresentava como extremamente desgastante, sendo identificado pelos médicos como estar no olho do furacão. As questões levantadas neste estudo indicam a necessidade de rever as estratégias do PSF, entre elas a de utilização exclusiva de médicos generalistas nas equipes. Aponta-se como fundamental para a mudança dos atos médicos hegemônicos a aquisição de referenciais e tecnologias para ampliar a escuta, qualificar o vínculo e as intervenções. Ressalta-se ainda como importante o desenvolvimento de mecanismos de gestão para acompanhar e apoiar o trabalho dos profissionais, assim como a melhora na retaguarda dos demais níveis de atenção. Tese de DoutoradoOrientador: Prof. Dr. Gastão Wagner de Souza CamposFaculdade de Ciencias Médicas - UNICAMPCampinas, 2003.Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ct/pdf/angela%20aparecida_tese.pdf
Este artigo tem como objetivo discutir os desdobramentos do processo de formação de facilitadores e o trabalho de efetivação de 'rodas' de Educação Permanente em Saúde (EPS) em unidades de serviços de saúde no município de Vitória, Espírito Santo, cenário selecionado a partir de mapeamento dentre várias experiências de EPS em andamento no país. Adota os pressupostos metodológicos sugeridos pela cartografia para produção e análise dos dados, utilizando variadas estratégias, como observação participante, entrevistas individuais e coletivas com os profissionais e usuários. Verifica que o termo EPS admite várias concepções: movimento que coloca o trabalho em análise, visando a definir prioridades locais que promovam a reorganização dos espaços de produção de saúde; estratégia de formação dos profissionais de saúde em um processo constante de subjetivação, como estratégia de gestão, na medida em que possibilita reorganizar a gestão a partir da problematização do trabalho. Verifica a existência de 59 Rodas de EPS distribuídas em 25 serviços de saúde, com a presença de dois facilitadores em cada uma. Conclui que, nesse cenário, as várias concepções disputaram espaço e produziram efeitos, especialmente perceptíveis na mudança da forma como os profissionais compreendem o processo educativo e a sua interação com o cotidiano do trabalho.
Este texto relata a experiência de formação comum que ocorre desde 2007 no campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo, no terceiro semestre de graduação, do eixo curricular trabalho em saúde. A experiência articula estudantes e docentes de diferentes áreas profissionais: educação física, fisioterapia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional. São apresentadas as diretrizes e estratégias de organização do módulo 'Prática clínica integrada: análise de demandas e necessidades de saúde', que adota a produção de narrativas de histórias de vida e de questões de saúde de pessoas selecionadas por docentes em conjunto com as equipes da rede de serviços do município de Santos, São Paulo. As narrativas foram produzidas em encontros quinzenais dos estudantes com as pessoas acompanhadas em suas residências e de supervisões com os docentes. Realizouse análise de conteúdo de 120 relatórios de conclusão do módulo elaborados pelos estudantes nos anos de 2007 e 2008 visando identificar efeitos dessa proposta de formação. A elaboração de narrativas favoreceu aos estudantes ampliar a capacidade de escuta e a percepção da complexidade do processo saúdedoençacuidado, bem como de outros aspectos do que se tem denominado de 'clínica comum' às diversas profissões em saúde.
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