Este artigo descreve a constituição do que foi aqui denominado ‘sujeito-mãe’ a partir da análise de dez livros didáticos de matemática, produzidos para os anos iniciais de escolas do campo no Brasil. Esse material compõe duas coleções aprovadas no Programa Nacional do Livro Didático Campo, o PNLD Campo. As teorizações foucaultianas acerca da análise do discurso amparam a descrição e análise de um conjunto de endereçamentos que incidem sobre um corpo como performance cultural do feminino. Os excertos, imagens, atividades e exercícios trazidos replicam práticas estilizadas que inscrevem o sujeito-mãe por meio de discursividades direcionadas a um corpo com marcas de gênero específicas: o feminino. Desse modo, os dados mostraram que o currículo de matemática materializa narrativas bem elaboradas que se valem dos conteúdos dessa disciplina escolar, a fim de replicar e constituir um conjunto de valores e moralidades, com substancial status de verdade, que acabam por orientar os modos de ser e agir desse corpo que se vê e é visto como feminino.
Pretendemos, a partir da leitura de Antígona González, obra dramática da poetisa mexicana Sara Uribe, discutir a potência de resistência de corpos femininos, corpos que se encontram em estado de esgotamento e é justamente a partir desse corpo que não aguenta mais é que se produz a potência da fúria do corpo poético da personagem Antígona González, bem como de outros corpos literários ou não. Assim, nossa leitura será conduzida, prioritariamente, pela ideia de corpo esgotado defendida pelo filósofo David Lapoujade.
Buscamos engendrar uma reflexão acerca da violência psicológica, pensando nesse tipo de violência como um dispositivo que produz pequenas mortezinhas que vão se dando ao longo da existência de muitas mulheres. Nossa proposta é investigar como essas mortezinhas se manifestam em produções literárias contemporâneas lusófonas e, para isso, elegemos três obras: A gorda, de Isabela Figueiredo, Esse cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida e A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha.
Para além da análise histórica, o caminho de ser mulher no mundo pode ser exemplificado por meio de produções artísticas distintas, das quais, embora não sejam pensadas como documentos, representam momentos compreensivos para a historicidade dos atos que configuraram a condição feminina como a percebemos: um espaço violentado, colonizado e assujeitado. Neste sentido, o presente trabalho pretende analisar, em uma perspectiva dialogal, poemas da escritora gaúcha Angélica Freitas e performances da artista visual paraense Berna Reale, com o objetivo de depreender os sentidos dos discursos poéticos/artísticos dessas mulheres, bem como tentar, a pequenos passos, superar as lacunas deixadas pelo discurso falocêntrico e hegemônico: a da recusa de um lugar para a mulher na sociedade.
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