O conhecimento que é inerente a um determinado tipo de sociedade e/ou lugar, o intercâmbio sociocultural entre as gerações e as possibilidades que os ecossistemas oferecem são fatores preponderantes para difusão do desenvolvimento local sustentável em comunidades rurais. Ao fazer uso de material conceitual e empírico, objetivou-se levantar o conhecimento endógeno, a natureza e a cultura na abordagem do desenvolvimento local sustentável na comunidade rural de José Gomes, Cabeceiras do Piauí, Nordeste do Brasil. Esta pesquisa qualitativa é classificada como descritiva/exploratória, sob abordagem etnográfica. Antes de realizar o levantamento dos dados, foi aplicado o Rapport. O universo amostral correspondeu a 82 comunitários, dentre os quais foram entrevistados dois membros de cada residência, quando possível. Foram aplicados formulários padronizados semiestruturados, bem como o uso das técnicas da observação direta e do diário de campo. O método história de vida foi adotado no intuito de coletar relatos dos comunitários, além de registros fotográficos, agregando às variáveis econômicas e sociais. Os dados coletados foram tabulados em planilhas utilizando o Software Excel 2016, cujos resultados levaram a conclusão o conhecimento endógeno, combinado aos aspectos históricos, baseados na natureza e na cultura, que possibilitam o alcance do desenvolvimento local sustentável na comunidade rural pesquisada.
O agronegócio tem se manifestado como um dos principais mecanismos de desterritorialização da identidade cultural do agricultor familiar do cerrado piauiense, haja vista que a recente ocupação empresarial do município de Uruçuí, conformada na modernização, nos princípios da agronomia científica e nos procedimentos de gestão administrativa, visando à produção em larga escala, sobretudo, soja, e a conquista de mercados, tem interferido na paisagem, no trabalho, no uso da terra, nos costumes, nos hábitos e nas práticas socioculturais, atingindo o ecossistema e gerando conflitos sociais, como a concentração fundiária, configurando uma grave crise socioambiental. Assim, faz-se necessário questionar o contexto de ocupação do cerrado uruçuiense pelo agronegócio e suas repercussões sobre a continuidade da agricultura familiar. Nesse sentido, salienta-se que este artigo pretende analisar a desterritorialização provocada pelo agronegócio granífero na agricultura familiar de Uruçuí. Este estudo descritivo/explicativo se embasou nos métodos dialético e etnogeográfico, os quais foram subsidiados por pesquisas bibliográfica, documental e levantamento, como também por formulários semiestruturados aplicados entre 254 agricultores familiares de Uruçuí. Concluiu-se que o processo de desterritorialização em Uruçuí, ocasionado pela difusão do agronegócio granífero, confirmou-se, mormente, na subordinação da mão de obra familiar ao trabalho temporário nas grandes propriedades agrícolas, pois a mesma era desvalorizada, apresentando baixo nível de especialização e reduzida remuneração salarial; na diminuição das relações de ajuda mútua entre as comunidades rurais; em mudanças nos modos de vida; e na eminente dependência dos agricultores familiares à aplicação idílica de insumos químicos nas lavouras.
ResumoO processo de expansão da fronteira agrícola no cerrado piauiense, comandada pelo agronegócio, consubstancia-se como o fenômeno responsável por transformações socioespaciais que atingem diretamente a organização do território. Este estudo qualiquantitativo tem como objetivo analisar os fatores responsáveis para a consolidação da agricultura empresarial no município de Uruçuí/PI e as consequências desse fato para a posse e uso da terra e para a agricultura familiar. Uruçuí se destaca pelo pioneirismo em abrigar empreendimentos graníferos no Estado e a disponibilizar infraestrutura para o agronegócio e liderar o ranking de municípios com o melhor PIB per capita. A investigação sustentou-se no método dialético, cujos procedimentos técnicos basearam-se nas pesquisas bibliográfica, documental e levantamento, como também na aplicação de entrevistas semiestruturadas entre três empreendimentos graníferos, selecionados por acessibilidade e em razão do tempo de instalação em Uruçuí, em distintos períodos. Concluiu-se que a chegada da agricultura empresarial no município inicia nos anos 1980 e intensifica-se na década de 1990, cujos motivos para a instalação se referiram, a priori, ao baixo preço das terras, às condições geoambientais e à existência de um mercado regional. E a posteriori, vincularam-se à infraestrutura implantada para financiar, produzir, armazenar e distribuir as mercadorias, bem como a ampliação da participação do país no mercado internacional, tendo o Estado papel relevante nesse processo, o que repercutiu na continuidade da pequena produção familiar.Palavras-chave: agricultura empresarial, agronegócio, cerrados, soja, território. AbstractThe process of expansion of the agricultural frontier in the Piauí Cerrado, controlled by agribusiness, has become the phenomenon responsible for socio-spatial transformations that directly affect the organization of the territory. This qualitative and quantitative study aims to analyze the factors responsible for the consolidation of business agriculture in the city of Uruçuí/PI and the consequences of this fact for land tenure and land use and for family farming. Uruçuí stands out for being the pioneer in housing large grain enterprises in the state and in providing infrastructure for
ResumoA situação pela qual passam as populações agroextrativistas babaçueiras no Estado do Piauí merece reflexão. A dinâmica econômica atribuída pela atividade produtiva do coco babaçu (Orbignya speciosa Mart. ex Spreng, recentemente denominado de Attalea speciosa Mart. ex Spreng) à sociedade piauiense se enfatiza aos períodos pujantes da comercialização da amêndoa no mercado internacional. Em anos recentes, o desafio atribuído à cadeia produtiva do coco babaçu é superar o imobilismo das políticas públicas à atividade, principalmente nos espaços rurais. Nesse sentido, esta análise se funde sobre a realidade encontrada em 13
Este artigo pretende analisar o contexto de reorganização do espaço em Uruçuí, a fim de revelar dinâmicas, estratégias e interesses de reprodução da agricultura empresarial no cerrado piauiense. Uruçuí destaca-se por ser pioneiro em abrigar empresas de agronegócios no Piauí, o que possibilita entender a intensidade das transformações socioespaciais ocasionadas pela agricultura empresarial. A metodologia do estudo se embasou nas pesquisas bibliográfica, documental e levantamento, sendo esta alicerçada por meio de entrevistas semiestruturadas com três empreendimentos graníferos do município. Concluiu-se que a difusão da agricultura empresarial em Uruçuí organizava-se em redes técnicas caracterizadas pelo uso intensivo de capital, tecnologia e informação, marcadas por ações de políticas públicas federal e estadual, cujas benesses contribuíram para a constituição de um rentável mercado de terras orientado pelo preço da soja nos mercados doméstico e global, o que acentuou a concentração fundiária e a subordinação dos trabalhadores da agricultura familiar tradicional.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.