A Estratégia de Saúde da Família (ESF) visa a reorientação do modelo assistencial e tem no enfermeiro um dos atores fundamentais para atuar nesta lógica e auxiliar na mudança das práticas historicamente hegemônicas na saúde. Para que tal mudança ocorra faz-se necessário pautar a educação permanente (EP), uma vez que a reorientação do modelo assistencial prediz uma implicação dos profissionais de saúde com os micro-processos do trabalho em saúde configurando a EP como uma ferramenta mediadora das mudanças vislumbradas na prática. O estudo tem como objetivo compreender o significado atribuído à Educação Permanente por enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família de um município de Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada com 11 enfermeiros da ESF de um munícipio localizado na Zona da Mata de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu entre março e maio de 2015, por meio de entrevista com questões abertas, sendo interrrompida utilizando o método de saturação teórica. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin e interpretados em consonância com a literatura pertinente à temática. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, conforme o Parecer nº 909.717, de 09 de dezembro de 2014. Os depoimentos permitiram a emersão da categoria. O significado da Educação Permanente para o enfermeiro da ESF” e de duas subcategorias: “Perspectivas Conceituais” e “A importância atribuída à Educação Permanente”. A maioria dos enfermeiros significam a educação permanente na lógica da educação continuada, compreendendo-a como uma capacitação para o serviço realizada de modo pontual e voltada prioritariamente para o aspecto instrumental. Associam-na ainda à participação em cursos oferecidos por instituições, como secretaria de saúde e universidade. Isso reflete que os participantes do estudo não trazem significados coerentes com a proposta da EP, sendo estes muitas vezes associados a capacitação profissional, em detrimento da problematização do cotidiano do trabalho em saúde. Cabe ressaltar que independentemente da concepção que trazem todos atribuem à EP uma importância para a qualificação das práticas de saúde. Os achados desta investigação remetem a necessidade de que a lógica da EP seja efetivada enquanto política inscrita no processo de trabalho em saúde no âmbito da ESF. Neste contexto, há que se pensar em investir na sensibilização dos profissionais de saúde, entre eles o enfermeiro, no sentido de compreenderem a EP como uma atividade que emerge da micropolítica do trabalho em saúde e como a força motriz para o agenciamento das mudanças necessárias para a reorientação do modelo assistencial.
O Sistema Único de Saúde (SUS) representa um desenho inovador no cenário brasileiro, e está em permanente construção. Sua consolidação requer mudanças importantes, tanto nos âmbitos do serviço quanto do ensino, em busca de uma formação profissional que atenda às necessidades de saúde da população brasileira. A observação empírica evidencia dissonâncias entre o ensino e a realidade do SUS, sinalizando desafios nas esferas da formação e do serviço. Compreender as contradições entre o ensino do SUS e a experiência no SUS sob a perspectiva de estudantes de graduação em Enfermagem. Trata-se de um recorte de uma pesquisa mais ampla que estudou a interface entre o ensino de graduação e a formação voltada para o contexto do SUS sob a perspectiva de estudantes de graduação em Enfermagem. Tal pesquisa, de natureza qualitativa, teve como cenário o curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Participaram 11 estudantes que estavam no estágio curricular supervisionado, sendo a coleta de dados realizada nos meses de março a maio de 2015, através de um roteiro de entrevista com questões abertas. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin e interpretados em consonância com a literatura pertinente à temática. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da UFV, inscrito sob o Parecer n. 909.697. Os estudantes percebem o compromisso da instituição na qual estão inscritos com a proposta formadora para o SUS. Entretanto, revelaram a desarticulação entre o que lhes é ensinado e o que vivenciam no cotidiano do sistema. Entre os elementos que a deflagram, destaca-se o comodismo de alguns profissionais, a descrença dos mesmos em relação ao SUS e a dificuldade de construir na prática redes efetivas de atenção à saúde. Os discentes acreditam que tais nós críticos contribuem para que o funcionamento do sistema seja limitado e sua compreensão dificultada, em função da incongruência entre o SUS prescrito e o SUS real. Os estudantes também se referiram a conteúdos que não foram trabalhados a contento durante a graduação ou restringiram-se à abordagem teórica, insuficiente para prepará-los para a realidade do sistema. Denotaram a necessidade de mais vivências práticas e discussões, visto que esses momentos mobilizam os discentes e possibilitam reflexões necessárias para a atuação transformadora do enfermeiro no cenário da saúde no Brasil. O presente estudo, ao revelar contradições demarcadas na díade ensino-serviço, suscita reflexões e a necessidade de que estratégias sejam (re)pensadas para promover uma aproximação entre a formação e a realidade do sistema, viabilizando uma parceria que culmine na qualificação do SUS e, por conseguinte, do ensino neste contexto. Ressalta-se ainda a necessidade de redefinição constante da matriz curricular dos cursos de graduação em saúde e do desenvolvimento de investigações em outras realidades, ampliando as evidências científicas referentes ao SUS e à formação que atenda às necessidades emergentes do sistema de saúde brasileiro.
Objetivo: descrever a sistematização do cuidado multiprofissional para idosos acamados e de difícil locomoção atendidos em domicílio. Método: Pesquisa convergente assistencial realizada em uma unidade de saúde da família. Os dados foram tratados por análise descritiva. Resultado: Dos 75 sujeitos investigados, 48 (64%) eram mulheres, idade média de 80 anos, 60 apresentaram dificuldade para locomoção (80%), 15 encontraram-se acamados (20%). Destes, 31 (41,33%) são totalmente dependentes de cuidados. O risco para quedas foi alto, presente em 46 (61,33%), o risco para o desenvolvimento de úlcera de pressão foi baixo na maioria 47 (62, 67%). A amostra foi estratificada, e 37 (49,33%) considerados de baixo risco, 15 de risco moderado (20%), 23 graves (30,67%). Conclusão: Estudo revela a importância de sistematizar o fluxo de visitas domiciliares pela equipe multiprofissional, por meio da avaliação e estratificação dos idosos conforme suas vulnerabilidades, dependência social e biológica.
Para que o Sistema Único de Saúde (SUS) se consolide nas diferentes realidades inscritas no território nacional faz-se necessário que o mesmo esteja sob a égide de uma gestão que compreenda o seu papel na construção do sistema, e que seja capaz de enfrentar e superar as contradições que permeiam a administração pública, com vistas a atender as necessidades de saúde da população. Analisar os saberes e práticas dos gestores municipais de saúde de uma microrregião de Minas Gerais com relação à gestão no âmbito do SUS. Pesquisa qualitativa, cujos participantes foram os gestores municipais de saúde de uma microrregião de Minas Gerais. A coleta de dados se deu nos meses de agosto e setembro de 2015, por meio de um roteiro de entrevista com questões abertas, realizada individualmente com cada secretário de saúde. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin e em consonância com a literatura pertinente à temática. O projeto o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, inscrito sob o Parecer nº 1.147.443, de 08 de julho de 2015. Os gestores demarcaram como funções do cargo o planejamento, a coordenação e a operacionalização de ações voltadas para a saúde no município em que atuam, e afirmam que precisam estar próximos dos trabalhadores da saúde e da comunidade. Apontaram como um dos maiores limites enfrentados na gestão da saúde o subfinanciamento do sistema e sinalizam a dificuldade que vivenciam com o repasse de recursos previstos pela União e Estado, que comumente ficam aquém do preconizado no acordo interfederativo, exigindo que o município arque com compromissos financeiros que não tem condições de assumir. Somado a isso apontam a morosidade e a burocracia do sistema como um desafio para a gestão, dificultando a implementação de projetos em tempo hábil. A questão da fragilização do vínculo e a ausência de perfil/competência do profissional para atuar no contexto do SUS, com destaque para os médicos alocados na Estratégia Saúde da Família, também se desdobra em um desafio para os gestores. Como potencialidades no desempenho das funções os gestores destacaram o apoio do prefeito, a cobertura total da atenção primária em alguns municípios, e também o conhecimento/experiência prévia do setor saúde. Para a melhoria da gestão municipal foi elencado como prioridade a necessidade de investimento na Atenção Primária à Saúde, considerada lócus potencial para as ações de prevenção e promoção da saúde. O presente estudo evidencia que os saberes e práticas dos gestores municipais é permeado por desafios, os quais estão relacionados ao perfil profissional do gestor e também ao modo como o sistema de saúde se efetiva na prática, marcado por contradições que precisam ser equacionadas para a consolidação do SUS.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.