Apresentamos e analisamos o documento “Proposta para Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica” (BNCFP), que foi encaminhado pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE)em dezembro de 2018. Inicialmente descrevemos o contexto de formulação, as exigências normativas, a autoria, a estrutura e o conteúdo da BNCFP. Em seguida, identificamos dez pontos de análise que nos parecem cruciais para o campo da Educação em Ciências, uma vez que impactam fortemente os currículos e os princípios da formação e da atuação dos professores. Ao final do texto, trazemos um pós-escrito, de caráter informativo e complementar para analise da BNCFP, a fim de relatar os acontecimentos ocorridos de setembro a novembro de 2019 pertinentes a este documento no CNE.
Este artigo retoma e atualiza outro por nós publicado na busca de se fomentar a continuidade do debate entre pesquisadores e professores do campo da Educação em Ciências acerca das recentes políticas públicas curriculares voltadas para a formação de professores que tem sido elaboradas e aprovadas sem diálogo com as comunidades escolares e de pesquisa. Para isso, realizamos análise de documentos via ficha de análise textual e do uso de sete itens de análise construídos tanto a priori quanto a posteriori. Com a pesquisa, constatamos um alinhamento entre as propostas de ensino/aprendizagem e de avaliação da educação básica com aquelas preconizadas para formação de professores. Há influências das experiências externas quanto aos redimensionamentos prescritos, mas chama atenção que as competências gerais da BNCC da Educação Básica têm mesmo número e natureza que aquelas presentes na BNC-Formação e BNC-Formação Continuada. Isto é, para além da formação de professores estar sendo proposta, pela primeira vez, a partir da ideia de competências, com foco no desenvolvimento de habilidades práticas, eficientes e produtivas, busca-se apagar os projetos de formação que até então vinham sendo desenvolvidos, fomentando-se, portanto, a descaracterização da docência mediante controle e padronização dos processos educativos.
O artigo apresenta os resultados de uma investigação que discute a formação de professores do curso diurno de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, a partir dos programas de formação de Pérez-Gómez e à luz de categorias fleckianas (estilo de pensamento, coletivo de pensamento e circulação de ideias). A metodologia utilizada foi análise documental da matriz curricular e dos programas das disciplinas obrigatórias, além de análise de questionários respondidos por professores formadores. Os resultados mostram a presença de duas perspectivas de formação presentes no currículo: acadêmica, que engloba ¾ das disciplinas; e prática com aproximadamente ¼ das disciplinas. A análise das respostas de docentes formadores permite identificar quatro coletivos de pensamento no curso: acadêmico, acadêmico-técnico, técnico-prático e técnico. A relação entre o que preconizam os documentos do curso e o que dizem os docentes permite traçar um perfil sobre a formação de professores de Ciências Biológicas, além apontar caminhos para a atuação dos egressos na educação básica.
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