Os feminismos são uma dessas teorias marco cujas contribuições revelam-se em todos os âmbitos da sociedade, inclusive nos Estudos da Tradução. A materialização mais evidente dessa interação é o surgimento, nos anos 80, de uma corrente de tradução feminista no Canadá, capaz de colocar o gênero como centro do debate sobre tradução. Na atualidade, apesar das críticas e posteriores redefinições do conceito de tradução feminista, a proposta canadense continua sendo vista como paradigma da interação entre feminismos e tradução em geral. Neste artigo, proponho novas abordagens à prática de traduzir e paratraduzir a partir dos feminismos, dentro de uma terceira onda de tradução feminista. Além disso, pretendo abrir o debate (re)examinando áreas de interesse mútuo para os estudos de tradução e os feminismos no plano conceitual, historiográfico e crítico, tendo como propósito o surgimento de novas linhas de pesquisa futuras.
this paper aims to present some aspects of Maria-Mercè Marçal's poetics and essayist writing to approach the accounts and translation of her poems dedicated to lesbian relationships, poems taken from the book Desglaç (2017[1989]). Considering her significance as a Catalan poet and also for the quality of her literature, we seek to show briefly some of the dimensions of her reflections and verses about the theme, resorting to her own writings (2004) and those of Llüisa Julià (2001) to do so. With those readings and others, the four hands translation done by scholars, one of them Catalan and the other Brazilian, had within this practice a gesture that could be prolific to present an author who made visible the lesbian sexuality through a complex poetic oeuvre, as well as to relate some of the translation criteria, taking into account her dialogue with the literary tradition and the peculiarities of Catalan in its relation to Portuguese.
Diante da invisibilidade imposta às mulheres no campo da Tradução, este trabalho tem o objetivo de analisar as contribuições teórico-práticas aos Estudos Feministas de Tradução desenvolvidas no programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para tanto, apresentamos as teses e dissertações defendidas neste programa – por ser o pioneiro do Brasil em Estudos da Tradução e do qual fazemos parte –, de 2005 a 2018, que abordam a tradução em sua intersecção com os Estudos de Gênero. Esperamos, com este levantamento, auxiliar a visibilidade de pesquisas desenvolvidas neste campo de estudos e favorecer a formação de redes que conectem pesquisadoras/es de diversos locais que estejam interessadas/os na temática, como parte de uma das propostas do Grupo de Estudos Feministas na Literatura e na Tradução (GEFLIT/UFSC). Do total de 273 dissertações e 114 teses analisadas, apenas 20 apresentaram os critérios utilizados na busca e compuseram o corpus. Desses 20, 18 abordaram questões de gênero, no entanto, apenas nove identificaram-se inseridas nos Estudos da Tradução em sua intersecção com os Estudos de Gênero. Disso, conclui-se que os estudos feministas ainda têm encontrado resistência no diálogo com outras áreas do conhecimento. Tal fato reflete a diferença social de gênero e, consequentemente, o caráter gendrado da linguagem e da cultura escrita. Nesse sentido, pesquisadoras como Rosvitha Blume (2010), Luise von Flotow & Farzaneh Farahzad (2016) e Olga Castro (2017) chamam atenção para a necessidade do resgate histórico de tradutoras bem como para a importância de pesquisas e experiências de tradução conscientes do seu papel feminista, como aqui apresentamos.
Este texto consiste em uma tradução para o português do texto “Meditacions sobre la fúria” da poeta e ensaísta catalã Maria-Mercè Marçal (1952-1998). Com isso pretende-se difundir a obra dessa importante pensadora feminista na comunidade lusófona.
Este artigo se debruça sobre o processo de tradução de Desglaç (2017[1989]), da poeta catalã Maria-Mercè Marçal, para o português brasileiro, realizado pelas autoras do mesmo (2019). A tradução é entendida como parceria de experiências, de procuras acadêmicas e pessoais, além de uma militância, nos Estudos Feministas de Tradução. O próprio percurso tradutório de Maria-Mercè Marçal (GODAYOL, 2011; RIBA, 2015b) é tomado como ponto de partida para explicar a intervenção no sistema literário patriarcal que a escolha da autora a traduzir convoca e a incorporação de várias vozes na obra literária. Essa atividade, tal qual a de Marçal, faz parte de uma proposta de resgate da literatura feita por mulheres por meio da tradução, conforme trabalhada por Adrienne Rich (2017[1971]), que foi uma das teóricas e poetas que mais a inspirou (JULIÀ, 2017). Por fim, são comentados dois poemas traduzidos, que expõem os acordos e as distâncias que o percurso em parceria motivou.
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