Introdução
O governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003Silva ( -2010 inaugurou um período da Política Externa Brasileira (PEB) marcado pela diversificação de parceiros, por maior prioridade aos países em desenvolvimento e pelo aumento expressivo no número de embaixadas abertas em países até então marginalizados pela PEB. Essas medidas estão, por sua vez, inseridas em uma estratégia mais ampla de multilateralização do sistema internacional e de internacionalização da economia brasileira, ambas visando melhor inserção internacional do país. Nesse sentido, importantes avanços foram feitos nas relações do Brasil com as mais variadas regiões, em especial com seus vizinhos, mas também com Caribe, África, Europa e Leste Asiático. Além disso, o Brasil firmou parcerias estratégicas e incentivou a consolidação do BRICS 2 (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como ferramenta para a multipolarização do sistema e como forma de inserção do país, através da convergência de posições nos diversos fóruns internacionais.Nesse contexto de diversificação da atuação internacional do Brasil, há, porém, um déficit de análises sobre as relações do país com a Ásia Central, região conformada pelas ex-repúblicas soviéticas. Essa região tem presenciado o crescente interesse de grandes potências e até mesmo uma certa competição entre elas (especialmente entre Rússia, Estados Unidos e China) em virtude de suas significativas reservas de petróleo e gás natural e do potencial de investimento em infraestrutura que apresentam essas repúblicas, independentes apenas a partir da década de 1990 e, portanto, ainda bastante ligadas à Rússia. No contexto da diversificação de parcerias e da maior aproximação com o mundo em desenvolvimento, a região também 1 Mestranda em Relações Internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP e PUC-SP). Bacharel em RelaçõesInternacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina. Email: bmoreira.bruna@gmail.com 2 O grupo apenas ganhou seu "S" final em 2011, com a entrada da África do Sul e, portanto, era apenas BRIC durante o governo Lula.Neste trabalho, opta-se pela utilização do acrônimo já completo, pois o balizamento temporal inicia a partir do governo Lula, sem, no entanto, se limitar a este.