Perspetivar o futuro da sociologia da educação requer que se examine o passado e o presente deste campo científico. Com base nesse pressuposto, neste artigo apresentam-se resultados de uma análise de conteúdo de dez entrevistas a sociólogos da educação de diferentes gerações e filiações institucionais. Essa análise é complementada com estudos sobre a evolução da sociologia da educação realizados por autores portugueses, permitindo explorar as três dimensões constitutivas do campo científico : o ensino, a investigação e a intervenção socioeducativa.
Cet article présente la situation de la sociologie de l’éducation au Portugal en s’appuyant sur dix entretiens avec des spécialistes du domaine et une analyse des différents états de l’art parus depuis une dizaine d’années. La discipline est renée au Portugal avec le retour de la démocratie. Elle s’est tout de suite impliquée dans les enjeux du nouveau régime : une visée d’égalité et en même temps des objectifs de modernisation qui passaient par la formation de nouvelles élites. Cela impliquait le développement de trois secteurs : la recherche, l’enseignement et l’intervention. La recherche s’est appuyée sur une exigence théorique héritée de la tradition francophone tout en s’engageant dans les grandes enquêtes internationales qui s’inspirent plutôt des épistémologies anglo-saxonnes. L’enseignement s’est trouvé confronté à l’immense chantier que représentait la formation d’une nouvelle génération d’enseignants. L’intervention sociale a tenté d’accompagner les tensions inévitables entre les objectifs d’égalité et de performance, les réflexions sur l’organisation du système éducatif (autonomie des établissements ; mise en place du Nouveau Management Public ; risques de dérive marchande...) et de suivre en même temps l’émergence de nouvelles problématiques : la reformulation des inégalités en termes de discrimination, l’évolution des modes de socialisation de l’enfance et de la jeunesse, etc.
RESUMOOs estudos extensivos que denunciam a persistência de indicadores de desigualdade, injustiça ou exclusão educativa nem sempre dão conta das rotinas escolares mais ou menos invisíveis, dolorosas ou insuportáveis que procuram revertê-los. Este texto mapeia um conjunto de dispositivos existentes em escolas públicas, cuja missão é trabalhar na reversibilidade dos problemas educativos. Eles ilustram as extensões da justiça escolar a novas esferas de intervenção (orientar, cuidar, proteger) que têm na ideia de vulnerabilidade o motor da ação pública. Alicerçados em instrumentos de medida da eficácia, esses dispositivos metamorfoseiam o trabalho docente e as modalidades de governação escolar, condicionando o modo como os atores educativos se envolvem e qualificam as situações. Os sentimentos de opressão provocados pelo imperativo político de uma inclusão eficaz testam, enfim, os limites da reversibilidade, da justiça escolar e das possibilidades de fabricação de um mundo escolar comum. PALAVRAS-CHAVE:Políticas públicas em educação. Inclusão educacional. Justiça educacional. Eficácia da escola. ABSTRACTExtensive studies denouncing the persistence of indicators of inequality, injustice or educational exclusion often fail to account for the more or less invisible, painful, or unbearable school routines that seek to reverse them. This text maps a set of existing devices in public schools whose mission is to work on the reversibility of educational problems. They illustrate extensions of school justice to new spheres of intervention (guiding, caring, protecting) that have in the idea of vulnerability the key for public action. Based on instruments for measuring effectiveness, these devices metamorphose teaching work and school governance modalities, conditioning the way educational actors engage and qualify situations. The feelings of oppression provoked by the political imperative of effective inclusion test the limits of reversibility, school justice, and the possibilities of fabricating a common school world.
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