Resumo: Com a abordagem da terceira onda da sociolinguística, o presente artigo tem como objeto de estudo as formas de tratamento direcionadas aos profissionais jurídicos em uma comunidade de prática da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, em especial a forma 'doutor(a)'. Contamos com observação de base etnográfica e aplicação de testes de autoavaliação. Nossos resultados apontam para a existência e perpetuação do uso da forma de tratamento 'doutor(a)', principalmente para os cargos de maior hierarquia, reafirmando, assim, relações de poder entre membros com posições hierárquicas distintas e de solidariedade entre aqueles no mesmo nível hierárquico. Um juiz da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, acionou a justiça contra o condomínio em que morava, pleiteando indenizações por danos subjetivos e com o objetivo de receber tratamento formal pelos empregados do prédio, tendo em vista que é um homem público, um magistrado. Segundo o juiz, o porteiro o tratava por 'você' com o intuito de afrontá-lo. E, conforme o funcionário do edifício, o magistrado tentou exigir ser chamado de 'doutor' por conta de sua profissão de juiz de direito.
Palavras
À luz das contribuições teórico-metodológicas da Análise da Conversa, este artigo analisa dois episódios de arranjos de encontros futuros entre voluntários/as de uma ONG que presta assistência a pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade social e assistidos/as. No primeiro, combinações para retorno à terra natal mostraram-se malsucedidas, mas orientaram modificações de ações dos/as voluntários/as no segundo episódio, bem-sucedido em arranjos para encaminhamento a atendimento psiquiátrico. Os objetivos do artigo são, primeiro, identificar que procedimentos podem contribuir para a não detecção de entendimentos que mais tarde se mostram divergentes e, segundo, discutir contribuições dessa experiência colaborativa nas abordagens de voluntários/as. Os resultados indicam que o uso de perguntas polares por parte dos/as voluntários/as não torna relevante respostas que evidenciem explicitamente o entendimento dos/as assistidos/as sobre os arranjos. Perguntas QU-, por sua vez, oportunizam a demonstração de entendimento das pessoas atendidas e podem ser localmente reparáveis, se necessário. Ademais, os resultados encontrados puderam promover não só o aprimoramento de abordagens sociais prestadas pela ONG como também implicaram entendimento, reflexão e aprimoramento de atendimentos semelhantes futuros.
Palavras-chave: Fala-em-interação; Trabalho Voluntário; Pessoa em Situação de Rua.
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